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FADIGA DE ASILO
A boa notícia é que, graças à melhora na situação política de
países como Afeganistão, Angola e
Serra Leoa, o número de refugiados
no planeta é o menor em 25 anos. De
acordo com o mais recente relatório
do Alto Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados (Acnur),
existem hoje 9,2 milhões de pessoas
na condição de asiladas.
O estudo, porém, também traz algumas más notícias. A mais preocupante delas é que parece estar havendo uma espécie de "fadiga de asilo".
De acordo com o alto comissário, o
português Antonio Guterres, a confusão entre refugiados e imigrantes
econômicos tem levado ao crescimento da intolerância e do racismo.
Não são poucos os que acreditam
que oferecer asilo a quem precisa significa abrir as portas ao terrorismo.
Na verdade, entretanto, os refugiados costumam ser as primeiras vítimas do terror, não seus agentes.
Outro ponto importante levantado
no relatório é o das migrações internas. Mudanças na dinâmica dos
conflitos e as crescentes dificuldades
para obter asilo no estrangeiro têm
levado contingentes crescentes de
pessoas a abandonar seus lares e
mudar-se para outras áreas do país.
O caso mais emblemático dessa
modalidade de deslocamento é o do
conflito em Darfur, que fez centenas
de milhares fugirem dessa região no
oeste do Sudão para outras partes do
país, onde vivem em situação precária. Na América Latina, há o caso da
Colômbia, onde milhares deixaram
suas casas que ficavam em rotas disputadas por traficantes de drogas.
Cabe aos governantes seguir cumprindo a Convenção do Estatuto dos
Refugiados, de 1951, que estabelece
direitos e deveres de asilados, e mostrar à população que conceder asilo
não significa abarrotar o país de imigrantes nem importar o terror. Ir para trás em relação à convenção da
metade do século 20, como algumas
nações insinuam, seria um revés civilizatório imperdoável.
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