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CLÓVIS ROSSI
Excesso de campanha
ROMA - O senador José Serra, virtual candidato do PSDB à Presidência,
tem uma curiosa teoria: os jornais só
deveriam circular quando de fato tivessem notícias a dar.
Descontado o fato de que é muito
subjetivo estabelecer o que é e o que
não é notícia, começo a ficar fã da
teoria do senador.
Um leitor que tivesse hibernado nos
últimos meses e só agora despertasse
para o noticiário político-eleitoral
não teria perdido grande coisa.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua onde sempre esteve: no primeiro lugar nas pesquisas. A única novidade é que parece haver um consenso
de que o virtual candidato petista jamais teve tantas chances de chegar
ao Planalto como desta vez.
O PFL rodou, rodou, rodou, inventou um factóide (a candidatura Roseana Sarney), foi forçado a desinventá-la, ameaçou tornar-se oposicionista, fez beicinho, chorou e rangeu os dentes, mas terminou onde
sempre esteve: ao lado do governo
(no caso, do candidato do governo, a
julgar pelo noticiário).
É verdade que há uma novidade
nas pesquisas se a comparação recuar, digamos, ao início do ano: José
Serra no segundo lugar. Mas a sabedoria convencional sempre supôs que
o segundo turno seria disputado entre um candidato da oposição (Lula,
em princípio) e um do governo. A novidade, portanto, está limitada ao fato de que se conhece o nome do candidato do governo, e não à distribuição de forças.
Novidade mesmo surgirá se e quando Serra for ultrapassado por Anthony Garotinho ou por Ciro Gomes.
Pode acontecer? Claro que pode,
mas o leitor teria de hibernar novamente por algum tempo até que a novidade, se ocorrer, se cristalizasse.
Culpa dos jornais? Em parte, sim.
Mas, acima de tudo, culpa do tempo
abusivamente longo que duram as
campanhas eleitorais no Brasil. Enquanto o voto direto era novidade, vá
lá. Agora, não há tanto jogo a fazer
para que a campanha se arraste por
mais de dois meses, se tanto.
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