São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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CLÓVIS ROSSI

Excesso de campanha

ROMA - O senador José Serra, virtual candidato do PSDB à Presidência, tem uma curiosa teoria: os jornais só deveriam circular quando de fato tivessem notícias a dar.
Descontado o fato de que é muito subjetivo estabelecer o que é e o que não é notícia, começo a ficar fã da teoria do senador.
Um leitor que tivesse hibernado nos últimos meses e só agora despertasse para o noticiário político-eleitoral não teria perdido grande coisa.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua onde sempre esteve: no primeiro lugar nas pesquisas. A única novidade é que parece haver um consenso de que o virtual candidato petista jamais teve tantas chances de chegar ao Planalto como desta vez.
O PFL rodou, rodou, rodou, inventou um factóide (a candidatura Roseana Sarney), foi forçado a desinventá-la, ameaçou tornar-se oposicionista, fez beicinho, chorou e rangeu os dentes, mas terminou onde sempre esteve: ao lado do governo (no caso, do candidato do governo, a julgar pelo noticiário).
É verdade que há uma novidade nas pesquisas se a comparação recuar, digamos, ao início do ano: José Serra no segundo lugar. Mas a sabedoria convencional sempre supôs que o segundo turno seria disputado entre um candidato da oposição (Lula, em princípio) e um do governo. A novidade, portanto, está limitada ao fato de que se conhece o nome do candidato do governo, e não à distribuição de forças.
Novidade mesmo surgirá se e quando Serra for ultrapassado por Anthony Garotinho ou por Ciro Gomes.
Pode acontecer? Claro que pode, mas o leitor teria de hibernar novamente por algum tempo até que a novidade, se ocorrer, se cristalizasse.
Culpa dos jornais? Em parte, sim. Mas, acima de tudo, culpa do tempo abusivamente longo que duram as campanhas eleitorais no Brasil. Enquanto o voto direto era novidade, vá lá. Agora, não há tanto jogo a fazer para que a campanha se arraste por mais de dois meses, se tanto.


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