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CARLOS HEITOR CONY
O salário do logro
RIO DE JANEIRO - Quando Vargas criou o salário mínimo, sabia que estava criando um caso, mas comprou
a briga. Anos depois, quando aumentou o mínimo em 100%, encarou
uma briga com os coronéis que deitaram manifesto, hoje considerado o
começo do fim de seu segundo mandato e de sua vida.
Com a indexação do salário mínimo, sobretudo para as despesas da
Previdência Social, mexer no salário
mínimo estendeu o problema ao aparelho administrativo do país, deixando de incomodar apenas os empresários da iniciativa privada, mas também todo o organismo governamental. Com isso, tornou-se um salário-referência, e não mais um salário
propriamente dito.
Bem, o que está dito acima até os
ossos de Dana de Teffé, estejam onde
estiverem, sabem desde criancinha.
Quando estavam na oposição, os
congressistas da atual base governista sabiam disso, mas não aceitavam
o argumento brandido pelos interessados, de que o mínimo quebraria
uma Previdência já quebrada.
Em quatro campanhas eleitorais,
tanto o presidente Lula como os petistas de todos os calibres proclamavam que a quebradeira da Previdência se devia à cumplicidade de sucessivos governos com os depositários
infiéis (devedores), que recolhiam a
contribuição de seus empregados e
não as repassavam para o INSS.
O que mudou nessa história toda
não foi o acerto dos devedores com o
instituto, mas, sim, o governo, que
deixou de ser a droga que sempre foi
e passou a sua tradicional sede de
justiça social e decência administrativa para o PT, sobretudo para seu
histórico líder.
Proclamando a novidade de seus
conceitos e feitos, o PT está repetindo
comodamente os grandes erros que
descobria na vida nacional, então dirigida pelos adversários da causa justa. Se realmente quisesse tentar o novo, o paraíso prometido, primeiro
acabaria com a indexação, depois
com a dívida da Previdência, cumprindo a lei que determina a penhora
dos bens e a prisão dos depositários
infiéis.
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