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MUDAR AS EXPECTATIVAS
Há um consenso entre analistas, economistas e empresários de que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom)
anunciará amanhã uma diminuição
da taxa de juros. Depois do tímido
meio ponto percentual retirado da
Selic no mês passado (recuou de
26,5% para 26%), o que se discute,
agora, é a proporção da queda. Enquanto os conservadores, mais afinados com a política do BC, apostam
num declínio contínuo dos juros,
porém contido, não acima de 1,5
ponto percentual, os mais sensíveis
aos efeitos deletérios do aperto monetário estimam que haja espaço para uma redução de até três pontos.
As seguidas deflações apontadas
pelos índices de preços confirmam
que o risco de um processo generalizado de inflação já saiu do horizonte.
Ao mesmo tempo, os indicadores da
indústria, do comércio e do emprego
evidenciam um cenário de grave retração da atividade.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva tem emitido sinais de que o governo deve deixar para trás a fase de
ajustes para começar a criar um ambiente favorável ao crescimento. Sabe-se que há um descompasso entre
as decisões monetárias e seus efeitos
práticos. Se as autoridades pretendem efetivamente virar o ano com a
economia em processo de reaquecimento, é preciso agir já.
Nesse sentido, seria desejável que o
Copom tratasse, também, de diminuir o nível dos depósitos compulsórios, ou seja, da parcela de recursos
que as instituições financeiras devem
manter no BC.
A elevação do compulsório, iniciada em junho do ano passado, foi reforçada em fevereiro deste ano. Segundo porta-vozes do setor bancário, essa seria uma das causas dos altos "spreads", isto é, da diferença entre as taxas de captação e aquelas cobradas no crédito. A redução do
compulsório tende a beneficiar inicialmente o crédito a pessoas físicas,
cujas taxas, elevadíssimas, são fixadas praticamente sem margem de
negociação com o tomador. Ao lado
de uma queda acentuada dos juros,
diminuir a exigência desses depósitos seria um alívio a mais no quadro
de restrições e uma sinalização importante para reverter as más expectativas dos agentes econômicos.
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