UOL




São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

Próximo Texto | Índice

MUDAR AS EXPECTATIVAS

Há um consenso entre analistas, economistas e empresários de que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciará amanhã uma diminuição da taxa de juros. Depois do tímido meio ponto percentual retirado da Selic no mês passado (recuou de 26,5% para 26%), o que se discute, agora, é a proporção da queda. Enquanto os conservadores, mais afinados com a política do BC, apostam num declínio contínuo dos juros, porém contido, não acima de 1,5 ponto percentual, os mais sensíveis aos efeitos deletérios do aperto monetário estimam que haja espaço para uma redução de até três pontos.
As seguidas deflações apontadas pelos índices de preços confirmam que o risco de um processo generalizado de inflação já saiu do horizonte. Ao mesmo tempo, os indicadores da indústria, do comércio e do emprego evidenciam um cenário de grave retração da atividade.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem emitido sinais de que o governo deve deixar para trás a fase de ajustes para começar a criar um ambiente favorável ao crescimento. Sabe-se que há um descompasso entre as decisões monetárias e seus efeitos práticos. Se as autoridades pretendem efetivamente virar o ano com a economia em processo de reaquecimento, é preciso agir já.
Nesse sentido, seria desejável que o Copom tratasse, também, de diminuir o nível dos depósitos compulsórios, ou seja, da parcela de recursos que as instituições financeiras devem manter no BC.
A elevação do compulsório, iniciada em junho do ano passado, foi reforçada em fevereiro deste ano. Segundo porta-vozes do setor bancário, essa seria uma das causas dos altos "spreads", isto é, da diferença entre as taxas de captação e aquelas cobradas no crédito. A redução do compulsório tende a beneficiar inicialmente o crédito a pessoas físicas, cujas taxas, elevadíssimas, são fixadas praticamente sem margem de negociação com o tomador. Ao lado de uma queda acentuada dos juros, diminuir a exigência desses depósitos seria um alívio a mais no quadro de restrições e uma sinalização importante para reverter as más expectativas dos agentes econômicos.


Próximo Texto: Editoriais: O ALARME DO DESEMPREGO
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.