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São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

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O ALARME DO DESEMPREGO

Num governo com incontida vocação para produzir declarações polêmicas, não chega a surpreender a opinião do ministro do Trabalho, Jaques Wagner, de que, na questão do desemprego, o "alarme é maior do que o drama". A declaração foi prestada na semana passada em palestra na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para empresários e educadores.
O ministro demonstrou sua contrariedade com as enormes filas exibidas pelos meios de comunicação, como a dos candidatos a gari no Rio de Janeiro. Jaques Wagner considera que essas situações propiciem uma percepção exagerada do drama da falta de trabalho.
O ministro alega não ter havido uma elevação expressiva dos índices de desemprego de 2002 para 2003. Pela pesquisa do IBGE, o índice de desocupação estava em 10,5% no mês de dezembro. Ao longo dos cinco primeiros meses do novo governo, ele passou a 12,8%. Pode-se argumentar, a favor do ministro, que, em maio de 2002, o índice era de 11,9%, não tão abaixo do registrado em maio deste ano.
Seja porém qual for o parâmetro adotado, só há uma conclusão possível: os índices de desemprego já eram elevadíssimos no ano anterior, tendo servido como uma das principais plataformas da candidatura Luiz Inácio Lula da Silva. O PT dizia em campanha que o país precisaria de no mínimo mais 10 milhões de empregos -objetivo que a cada dia parece menos factível. Da posse até aqui o quadro apenas piorou.
Evitar filas pode ser mais confortável para os candidatos, mas não eliminará a percepção de que o desemprego continua sendo um grave problema do país. Melhor faria o governo se tomasse as medidas necessárias para retomar o crescimento e estimular os setores com utilização mais intensa de mão-de-obra.


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