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O ALARME DO DESEMPREGO
Num governo com incontida
vocação para produzir declarações polêmicas, não chega a surpreender a opinião do ministro do
Trabalho, Jaques Wagner, de que, na
questão do desemprego, o "alarme é
maior do que o drama". A declaração
foi prestada na semana passada em
palestra na Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp) para
empresários e educadores.
O ministro demonstrou sua contrariedade com as enormes filas exibidas pelos meios de comunicação,
como a dos candidatos a gari no Rio
de Janeiro. Jaques Wagner considera
que essas situações propiciem uma
percepção exagerada do drama da
falta de trabalho.
O ministro alega não ter havido
uma elevação expressiva dos índices
de desemprego de 2002 para 2003.
Pela pesquisa do IBGE, o índice de
desocupação estava em 10,5% no
mês de dezembro. Ao longo dos cinco primeiros meses do novo governo, ele passou a 12,8%. Pode-se argumentar, a favor do ministro, que,
em maio de 2002, o índice era de
11,9%, não tão abaixo do registrado
em maio deste ano.
Seja porém qual for o parâmetro
adotado, só há uma conclusão possível: os índices de desemprego já
eram elevadíssimos no ano anterior,
tendo servido como uma das principais plataformas da candidatura Luiz
Inácio Lula da Silva. O PT dizia em
campanha que o país precisaria de
no mínimo mais 10 milhões de empregos -objetivo que a cada dia parece menos factível. Da posse até
aqui o quadro apenas piorou.
Evitar filas pode ser mais confortável para os candidatos, mas não eliminará a percepção de que o desemprego continua sendo um grave problema do país. Melhor faria o governo se tomasse as medidas necessárias para retomar o crescimento e estimular os setores com utilização
mais intensa de mão-de-obra.
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