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DESAFIO TRIBUTÁRIO
Prevaleceu o bom senso. O
governo desistiu de aumentar
em 0,6 ponto percentual a contribuição previdenciária para pagar o reajuste de aposentadorias cujos valores
foram corrigidos irregularmente entre 1994 e 1997. De fato, a proposta ia
na direção equivocada de onerar as
empresas e dificultar ainda mais a
ampliação do emprego formal, com
possíveis danos para a própria arrecadação previdenciária e efeitos inflacionários -já que muitos tentariam repassar o custo extra aos preços ao consumidor.
A medida mostrou-se ainda mais
inoportuna num quadro de sucessivos aumentos na arrecadação federal. Os resultados do primeiro semestre não deixaram dúvidas: a receita de impostos e contribuições superou as próprias previsões governamentais com o recorde de R$ 155,875
bilhões -o que representa um aumento real de 8,81% em relação ao
mesmo período de 2003.
Embora as autoridades econômicas insistam que não houve elevação
da carga tributária em razão das mudanças no recolhimento da Cofins,
há evidências em sentido contrário.
Não deixa de ser uma admissão dessa realidade o fato de o governo estar
preparando um pacote compensatório para amenizar a carga tributária
que incide sobre o setor produtivo.
O que salta aos olhos nesses episódios é o fato maior de o sistema tributário permanecer ao sabor de decisões parciais, muitas vezes casuísticas, com vistas a resolver necessidades fiscais do Estado. Esse processo,
que já data de anos, apresenta como
resultado uma estrutura cada vez
mais confusa e irracional que sufoca
a sociedade, prejudica a produção,
restringe o emprego e induz à sonegação. O que o país verdadeiramente
precisa é de uma reformulação profunda, que simplifique o sistema e
permita um aumento de arrecadação
saudável, com crescimento e estímulo à formalidade. Certamente que a
tarefa não é fácil, como demonstram
sucessivos fracassos de propostas de
reforma tributária -mas isso apenas ressalta o vulto desse desafio,
que precisa ser vencido.
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