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ACORDO EM CRISE
O otimismo que cercava as negociações para um acordo de
livre comércio entre União Européia
e Mercosul foi por terra. Os representantes sul-americanos interromperam as conversações diante do que
consideraram um retrocesso dos europeus. Mais uma vez o centro da
discórdia foi a área agrícola. O impasse deu-se com o anúncio de que
as cotas oferecidas às exportações
agrícolas do Mercosul não entrariam
imediatamente em vigor, mas seriam escalonadas em dez anos.
Se a intenção dos sul-americanos
era suspender a reunião para forçar
um recuo da UE, ela não alcançou
seu objetivo. Ao contrário, os europeus aproveitaram a crise para pressionar por mais concessões, como
acesso às compras governamentais.
Para o Brasil e seus parceiros, a
questão agrícola é fundamental, pois
se constitui na principal contrapartida para a abertura do bloco a produtos industriais e serviços da Europa.
Um acordo de liberalização que não
contemple o agronegócio apresentaria benefícios limitados e reduziria o
poder de barganha do Mercosul para
negociações futuras.
A interrupção das conversações
não significa que o acordo esteja desde já condenado ao fracasso. Novos
encontros estão previstos e há chances de que as partes cedam com vistas a um entendimento. As dificuldades, no entanto, não são pequenas.
É correto que o Brasil e os demais
exportadores de produtos agrícolas
pressionem para que os países ricos
cedam nessa área, mas a questão é
complexa e pressupõe, para avanços
mais significativos, a superação de
impasses também entre as principais economias do mundo -o que
não deverá ocorrer no curto prazo.
O risco é as intransigências acabarem se traduzindo em imobilismo,
ficando o Brasil e seus aliados do
Mercosul em dificuldades para concluir acordos que possam evoluir no
sentido de uma desejável ampliação
dos fluxos de comércio.
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