São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004

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ACORDO EM CRISE

O otimismo que cercava as negociações para um acordo de livre comércio entre União Européia e Mercosul foi por terra. Os representantes sul-americanos interromperam as conversações diante do que consideraram um retrocesso dos europeus. Mais uma vez o centro da discórdia foi a área agrícola. O impasse deu-se com o anúncio de que as cotas oferecidas às exportações agrícolas do Mercosul não entrariam imediatamente em vigor, mas seriam escalonadas em dez anos.
Se a intenção dos sul-americanos era suspender a reunião para forçar um recuo da UE, ela não alcançou seu objetivo. Ao contrário, os europeus aproveitaram a crise para pressionar por mais concessões, como acesso às compras governamentais.
Para o Brasil e seus parceiros, a questão agrícola é fundamental, pois se constitui na principal contrapartida para a abertura do bloco a produtos industriais e serviços da Europa. Um acordo de liberalização que não contemple o agronegócio apresentaria benefícios limitados e reduziria o poder de barganha do Mercosul para negociações futuras.
A interrupção das conversações não significa que o acordo esteja desde já condenado ao fracasso. Novos encontros estão previstos e há chances de que as partes cedam com vistas a um entendimento. As dificuldades, no entanto, não são pequenas.
É correto que o Brasil e os demais exportadores de produtos agrícolas pressionem para que os países ricos cedam nessa área, mas a questão é complexa e pressupõe, para avanços mais significativos, a superação de impasses também entre as principais economias do mundo -o que não deverá ocorrer no curto prazo.
O risco é as intransigências acabarem se traduzindo em imobilismo, ficando o Brasil e seus aliados do Mercosul em dificuldades para concluir acordos que possam evoluir no sentido de uma desejável ampliação dos fluxos de comércio.


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