São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004

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PROMESSA DE LATA

O Ministério Público negociou com a Prefeitura de São Paulo um cronograma para eliminar do município as chamadas escolas de lata. Essas unidades, montadas a partir de contêineres metálicos, foram construídas durante a gestão -de funesta memória- do prefeito Celso Pitta. Restam ainda 51 delas. Pelo acordo agora firmado, a prefeitura terá que substituir 19 dessas escolas até o final do ano e o restante até o fim do ano que vem.
Uma das promessas de campanha da prefeita Marta Suplicy era reformar essas unidades, consideradas inadequadas e insalubres. O compromisso, no entanto, não foi cumprido. A prefeita fez investimentos vultosos nos CEUs, mas não desativou os contêineres, criando um violento contraste na área educacional.
As "escolas de latinha", como são chamadas pela população, não possuem isolamento térmico, nem acústico. De acordo com estudantes, durante o verão, as salas de aula tornam-se insuportavelmente quentes e no inverno excessivamente frias. Outro problema é que, em dias de chuva, o barulho é tanto que torna impossível o acompanhamento da exposição do professor.
Nos CEUs, uma das principais vitrines da prefeitura petista, a situação é bastante diferente. Em cada um deles, os alunos dispõem de um cinema, um teatro, oficinas culturais, piscinas e quadras de esportes, além de salas de aula adequadas.
Os CEUs são custosos e suas características os aproximam mais de um programa de inclusão social e cultural de moradores das periferias do que de uma proposta a ser universalizada na educação municipal. Ainda assim, é preciso reconhecer que esses centros têm trazido benefícios à população. Sua existência, no entanto, não exime de modo algum a prefeita de aprimorar as demais instalações e o ensino da rede pública. E o fim das escolas de lata é um passo importante nesse sentido, que deixou de ser dado dentro dos prazos prometidos em campanha.


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