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ELIANE CANTANHÊDE
O gato comeu
BRASÍLIA - E a reunião que o presidente Lula anunciou na sexta-feira
passada com todos os ministros da
área social para descobrir um "carro-chefe" sobretudo para as políticas de
crianças, adolescentes e jovens? Ninguém sabe, ninguém viu.
Falando a Jornalistas Amigos da
Criança (título concedido pela Andi,
ONG ligada ao tema), Lula disse que
já tinha acertado tudo com o ministro Luiz Dulci para esta semana. A
reunião não havia acontecido até ontem, não há nada marcado para hoje
nem para amanhã e Lula estará na
África na próxima semana, entre domingo e quinta-feira à noitinha. Ou
seja: não há reunião à vista tão cedo.
Se alguma reunião houver, provavelmente será apenas em agosto.
Bons motivos não faltam ao presidente para falar em reunião e em
carro-chefe depois que a Folha publicou que os ministros não estão usando as verbas destinadas aos seus programas, nem aos sociais. Como reação, o próprio Lula disse que o problema não é de recursos, mas envolve
muitas outras coisas. Ter um "carro-chefe", inclusive, é importante, porque não adianta ter políticas espalhadas pelos vários ministérios -ou,
como disse, "um pedacinho daqui,
outro pedacinho dali".
Fora isso (a reunião anunciada e
que não houve), há outras curiosidades. Primeiro, Lula disse que estava
acertando o encontro com Dulci, que
é ministro da Secretaria Geral da
Presidência. E Patrus Ananias, onde
fica? Ele é ministro do Desenvolvimento Social. Aliás, foi saudado como o "superministro" ao tomar posse, mas nunca mais se falou nisso. Se
um dia, quem sabe, houver a reunião, o "superministro" social não a
estará coordenando.
Deve ser alguma nova modalidade
de gestão, porque não é o único caso.
Quem coordena a Câmara de Desenvolvimento Econômico, instalada
ontem, também não é o ministro do
Desenvolvimento, Luiz Fernando
Furlan. É José Dirceu (Casa Civil).
Dulci virou Patrus, Dirceu incorporou Furlan, uma reunião acontece, a
outra não. Enquanto isso, vai-se levando. E o dinheiro não sai.
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