São Paulo, quarta-feira, 22 de agosto de 2001

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PIOR DOS MUNDOS

O mundo parece estar entrando em um processo desconhecido desde o primeiro choque do petróleo, no já longínquo ano de 1973: uma forte desaceleração, maior do que a inicialmente esperada, em todas as grandes economias e mesmo em mercados de peso regional, como Brasil e México.
O jornal norte-americano "The New York Times", em sua edição de segunda-feira, chamou a atenção para esse fenômeno, que foi considerado "a primeira recessão na era moderna de globalização" por Stephen Roach, o economista-chefe da firma financeira Morgan Stanley.
Se Roach tem razão, está dando um motivo forte e concreto para constatar que a globalização não é uma viagem em céu de brigadeiro rumo ao paraíso, ao contrário do que apregoam muitos de seus incondicionais defensores.
Como a grande maioria dos fenômenos econômicos que a precederam, a globalização tem obviamente vantagens e desvantagens. Quando uma economia como a norte-americana cresce continuamente, como o fez até o fim de 2000, tem vigor suficiente para influenciar o crescimento de países ligados à superpotência.
O exemplo mais óbvio é o do México, que também cresceu, na esteira do "boom" norte-americano, mas, agora, está em recessão desde abril, mesmo sem ter modificado substancialmente suas políticas internas.
Como a globalização é um fenômeno inevitável, é infantilidade propor parar o mundo para que o Brasil possa descer e, assim, evitar ser contaminado, mais do que já está, pela crise na vizinha Argentina.
O problema, para o Brasil e para as economias chamadas emergentes (e que agora correm o risco de submergir), é exatamente o inverso: trata-se de montar no trem da globalização de forma a minimizar os prejuízos e maximizar os lucros. Uma forma de fazê-lo é reduzir a dependência de capitais de fora e, por extensão, a vulnerabilidade externa, que, até a crise energética, era o grande problema da economia brasileira.
Claro que é mais fácil falar do que fazer, mas a alternativa é bem pior: assistir de braços cruzados aos efeitos perversos do mau momento que vive o planeta.


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