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PIOR DOS MUNDOS
O mundo parece estar entrando
em um processo desconhecido desde o primeiro choque do petróleo, no já longínquo ano de 1973:
uma forte desaceleração, maior do
que a inicialmente esperada, em todas as grandes economias e mesmo
em mercados de peso regional, como Brasil e México.
O jornal norte-americano "The
New York Times", em sua edição de
segunda-feira, chamou a atenção para esse fenômeno, que foi considerado "a primeira recessão na era moderna de globalização" por Stephen
Roach, o economista-chefe da firma
financeira Morgan Stanley.
Se Roach tem razão, está dando
um motivo forte e concreto para
constatar que a globalização não é
uma viagem em céu de brigadeiro rumo ao paraíso, ao contrário do que
apregoam muitos de seus incondicionais defensores.
Como a grande maioria dos fenômenos econômicos que a precederam, a globalização tem obviamente
vantagens e desvantagens. Quando
uma economia como a norte-americana cresce continuamente, como o
fez até o fim de 2000, tem vigor suficiente para influenciar o crescimento
de países ligados à superpotência.
O exemplo mais óbvio é o do México, que também cresceu, na esteira
do "boom" norte-americano, mas,
agora, está em recessão desde abril,
mesmo sem ter modificado substancialmente suas políticas internas.
Como a globalização é um fenômeno inevitável, é infantilidade propor parar o mundo para que o Brasil
possa descer e, assim, evitar ser contaminado, mais do que já está, pela
crise na vizinha Argentina.
O problema, para o Brasil e para as
economias chamadas emergentes (e
que agora correm o risco de submergir), é exatamente o inverso: trata-se
de montar no trem da globalização
de forma a minimizar os prejuízos e
maximizar os lucros. Uma forma de
fazê-lo é reduzir a dependência de
capitais de fora e, por extensão, a vulnerabilidade externa, que, até a crise
energética, era o grande problema da
economia brasileira.
Claro que é mais fácil falar do que
fazer, mas a alternativa é bem pior:
assistir de braços cruzados aos efeitos perversos do mau momento que
vive o planeta.
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