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São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2003

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A VOLTA DA VIOLÊNCIA

Mais uma vez vai se materializando em Israel e nos territórios palestinos um cenário contrário às conversações de paz. Não apenas a possibilidade de entendimento está mais distante, como há sinais de que poderá ocorrer um agravamento da violência. A deterioração de um quadro de negociação que, se não era exatamente o ideal, parecia, ao menos, estável, deu-se em menos de 48 horas. Na terça-feira, um terrorista suicida palestino explodiu um ônibus em Jerusalém matando 19 pessoas, incluindo crianças.
O atentado encontrou, como de hábito, feroz resposta por parte de Israel, que deflagrou uma operação militar em Gaza para assassinar Ismail Abu Shanab, liderança do grupo extremista Hamas, que assumiu a autoria da explosão. Com isso, dirigentes das principais organizações radicais palestinas anunciaram o fim do cessar-fogo contra alvos israelenses. A trégua vinha sendo precariamente mantida havia algumas semanas, num sinal auspicioso de que as negociações poderiam avançar.
Os dois lados preparam-se agora para um novo "round" de ataques, dando prosseguimento a uma dinâmica perversa, diante da qual a comunidade internacional tem se mostrado impotente. A violência não será superada enquanto ambas as partes não renunciarem à "última vingança". Já não cabe perguntar quem está certo ou errado, quem começou e quem terminou a mais recente série de provocações, mas buscar uma saída para o conflito.
Seria desejável que Israel assumisse os riscos de retirar-se dos territórios ocupados e de renunciar à colonização dessas áreas. São gestos dessa magnitude, além do indispensável fim das ações terroristas por parte de organizações palestinas, que poderão dar consistência ao constantemente reiniciado, mas jamais concluído, processo de paz.


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