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ELIANE CANTANHÊDE
O estilo PT de governar
BRASÍLIA - O governo demitiu o diretor-executivo da Funasa por ser casado com uma deputada do PT que
se absteve na votação da reforma da
Previdência. Não dá para entender.
Ou bem o sujeito é incompetente e
não poderia ter sido nomeado, ou
bem foi nomeado porque é competente e não poderia ser demitido só
por motivo político.
Em nota oficial, o Ministério da
Saúde admite que demitiu Antônio
Carlos de Andrade porque ele é marido de Maninha (DF), uma dos oito
petistas que se abstiveram na reforma. Ou seja: não houve critério técnico na saída do diretor. Nem na entrada portanto. Se saiu por ser marido
da deputada, supõe-se que entrou pelo mesmo motivo. Apesar de, como
lembrou Maninha, ele ser funcionário concursado do ministério e secretário-geral do PT no DF.
Como agravante: ao assumir, o ministro Humberto Costa revogou decreto de FHC exigindo que os diretores da Funasa nos Estados fossem do
órgão e concursados. Costa alegou
que isso "engessava as nomeações",
pois praticamente mantinha nos cargos os funcionários do governo anterior.
Ele queria, como fez Miguel Rosseto
no Incra, escolher a dedo os novos diretores regionais. Pela lógica da nomeação do diretor agora afastado,
não com critérios exatamente técnicos, mas, sim, políticos. Se a gente for
pesquisar, pode acabar descobrindo
que a Funasa -responsável por saneamento em áreas carentes e indígenas- está como o Incra: cheinha
de braços operacionais do PT.
Com o episódio, fica-se sabendo: 1)
As nomeações para áreas técnicas
são políticas. 2) Votou com o PT, tem
cargo; não votou, já era. 3) O pau está
comendo entre as tendências do PT.
A Articulação, de José Dirceu e José
Genoino, está mais radical no poder
do que os radicais que sempre combateu internamente no partido.
Que o PT queira expulsar ou punir
os petistas infiéis ao governo com instrumentos partidários vá lá, mas
usar cargos até do Ministério da Saúde? Andrade, o demitido, falou em
fascismo. Difícil discordar.
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