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Asfixia tributária
Crédito ao consumo tem cada vez menos espaço para crescer; é hora de cortar impostos e incentivar investimentos
O
CICLO de expansão do
crédito ao consumo
que começou em abril
de 2003 vai apresentando sinais de esgotamento. Segundo o Banco Central, as operações de empréstimo a pessoas físicas cresceram 31% nos últimos
12 meses. Grande parte desse desempenho esteve associado ao
crédito consignado -com desconto em folha de pagamento.
Em contrapartida, o aumento
da massa real de rendimentos
(soma de todos os salários pagos
na economia do país) deve subir
apenas 5,5% neste ano. Esse descompasso entre o endividamento e a capacidade de pagamento
resultou em um aumento da inadimplência. Desde o final de
2004, a inadimplência cresceu
24,2%. No crédito para a aquisição de bens de consumo, o não-pagamento chega a 11,3%.
As perspectivas para 2007 podem aprofundar essas restrições,
uma vez que não são esperados
aumentos significativos no salário mínimo nem a ampliação de
programas sociais como o Bolsa-Família, devido a seus impactos
nas contas públicas. No mercado
de trabalho, o ritmo de criação de
vagas formais -90% dos novos
empregos pagam até R$ 700-
não deve se modificar. Diante
disso, é provável que os bancos
contenham a expansão da oferta
de crédito, com repercussões negativas na atividade econômica.
Para fomentar o crescimento
econômico é preciso aumentar o
ritmo de expansão do investimento. A taxa de investimentos
foi de 20,4% do PIB no primeiro
trimestre de 2006. A experiência
histórica sugere que é preciso investimentos da ordem de 25% do
PIB para o Brasil voltar a crescer
a um ritmo forte e sustentado.
Preços básicos fora do esquadro são os fatores que mais estrangulam os investimentos no
Brasil: a taxa de câmbio está valorizada, as taxas de juros permanecem em patamar muito altos, e a carga tributária é asfixiante (quase 40% do PIB).
O Estado absorve uma renda
brutal da sociedade -e está longe de oferecer o nível de serviço
público que outras nações com
tributação parecida proporcionam. Essa carga funciona como
um torniquete a estrangular tanto as despesas de consumo das
famílias como os investimentos
empresariais. Passa da hora de
começar a enfrentar essa chaga.
Os candidatos à Presidência da
República deveriam assumir,
nesta campanha, um compromisso com a sociedade brasileira: é preciso baixar gradativamente a carga tributária, objetivo a ser atingido pelo corte de
gastos públicos correntes. A queda nesse item de despesas do Estado também permitiria que o
setor público voltasse a investir
em infra-estrutura e acentuasse
a redução dos juros.
A perspectiva de que o Estado
absorverá cada vez menos recursos da sociedade, de que os juros
podem continuar a baixar e de
que o poder público investirá
mais em estradas, ferrovias, portos etc. é condição necessária para que as empresas tomem a decisão de contratar mais trabalhadores e de ampliar seu parque
produtivo. Ao Brasil, cabe a opção de seguir por essa trilha ou
continuar preso à armadilha do
baixo crescimento econômico.
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