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CLÓVIS ROSSI
O "tumor fétido" vai ao STF
SÃO PAULO - Uma coisa é uma
coisa, outra coisa é outra coisa, como diria Denise Abreu, a diretora
da Anac que enganou a Justiça e,
não obstante, continua diretora.
Uma coisa é o Supremo Tribunal
Federal aceitar ou não a denúncia
contra os 40 do mensalão. Do ponto
de vista jurídico, é decisão irrefutável, seja qual for.
Outra coisa é a igualmente irrefutável culpa dos acusados sob o aspecto ético e moral.
Culpados não apenas pela denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da União, ainda que esta seja de
uma contundência nunca antes vista neste país. "Organização criminosa" não é rótulo usual para um
partido do governo.
Ainda assim, a Procuradoria acusa, mas não julga. Quem condenou
os mensaleiros foi o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em três
diferentes frases.
Primeiro, ao pedir perdão ao público. Se pediu perdão, é porque um
crime foi cometido, a menos que
Lula, além de messiânico, seja também masoquista.
Depois, ao dizer-se traído. Se foi
traído, é porque seus amigos cometeram um trambique.
Finalmente, ao dizer que o PT fez
o que todo mundo faz (caixa dois).
Caixa dois é crime. O fato de que
muita gente o pratique não lhe tira
a característica de crime.
Como confessou ainda anteontem o governador da Bahia, Jaques
Wagner, ex-palaciano: "A tese do
mensalão, como foi apresentada,
foi equivocada. Que houve, houve,
mas não com essas características
que tentaram sustentar. O que teve:
tratos de ajuda e sustentação [entre
partidos da base aliada e o PT] para
as eleições de 2004". Se o nome é
mensalão ou não, continua sendo
crime -e confessado.
Por fim, como prefere outro ex-palaciano, Frei Betto, "a crise ética
de 2005 [foi] tumor fétido de alianças nefastas".
Com ou sem denúncia, o fato é
que tumores fedem.
crossi@uol.com.br
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