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PERDA PROLONGADA
A virtual estagnação vivida
pela economia brasileira desde
meados de 2001 continua a cobrar
seu preço sobre o mercado de trabalho. Este, segundo levantamento do
IBGE divulgado ontem, prosseguiu
em deterioração em outubro. A taxa
de desemprego, descontadas as influências sazonais, chegou a 7,7% da
população economicamente ativa
(ou seja, do universo das pessoas que
estão trabalhando ou procurando
um trabalho) - o nível mais alto
desde fevereiro de 2001.
A tendência de alta da taxa de desemprego não indica que esteja caindo o número de trabalhadores que
têm uma ocupação. O que ocorre é
que a expansão das ocupações vem
se dando, persistentemente, em ritmo inferior ao da entrada de pessoas
no mercado de trabalho. Assim, aumenta a proporção de trabalhadores
"excedentes".
Mas a deterioração do mercado de
trabalho não se restringe ao emprego. Sob a pressão combinada do aumento do desemprego e da elevação
da inflação, o rendimento médio real
dos trabalhadores que têm uma ocupação teve em setembro queda, sobre igual período do ano anterior,
pelo 21º mês consecutivo.
O período inicial do Plano Real permitiu uma alta expressiva da renda
dos trabalhadores. Mas desde o "pico" atingido em 1997, os anos seguidos de baixo dinamismo da economia já levaram a uma contração real
do seu rendimento médio também
significativa, da ordem de 12%.
Em suma, os ganhos de renda obtidos na fase áurea do início do Real já
foram quase integralmente revertidos: hoje o rendimento médio real
dos trabalhadores se situa apenas
4% acima do seu nível de 1994. Como
não cabe esperar que a inflação recue
com força tão cedo, nem que a economia tenha uma expansão robusta
no ano que vem, deverá demorar para que os trabalhadores possam retomar o poder de compra que tinham
há cinco anos.
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