São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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ATAQUE BRUTAL

Um novo e brutal ataque suicida palestino contra um ônibus israelense em Jerusalém deixou pelo menos 11 mortos e 48 feridos. Entre as vítimas estão vários estudantes secundaristas. O bárbaro atentado ocorre num momento delicado, em que as principais forças políticas de Israel se preparam para as eleições marcadas para 28 de janeiro.
O Partido Trabalhista, principal força de centro-esquerda de Israel, acaba de escolher como líder o prefeito de Haifa, o moderado Amram Mitzna, que defende a retomada do processo de paz com os palestinos. Mas os trabalhistas têm poucas chances no pleito. Pesquisas de intenção de voto indicam que o partido deverá perder cadeiras.
O franco favorito para vencer a eleição é o Likud, agremiação direitista do atual premiê, Ariel Sharon. Pelas sondagens, o Likud deverá saltar dos atuais 19 assentos para algo perto de 25. Para permanecer no cargo, Sharon precisa conservar-se na liderança do Likud. Ele deverá ser desafiado pelo ex-premiê e atual chanceler, Binyamin Netanyahu. Pesquisas indicam que Sharon venceria as prévias do Likud, mas atentados como o de ontem tendem a jogar os israelenses mais para a direita. E Netanyahu defende posições ainda mais duras que Sharon em relação aos palestinos.
Também a população palestina deve ir às urnas em janeiro. Pesquisas indicam que o atual líder, Iasser Arafat, é o favorito, mas sua popularidade vem caindo. Embora as pesquisas também registrem que está crescendo a oposição dos palestinos à Intifada, a revolta contra a ocupação israelense, uma ação israelense mais dura na Cisjordânia ou em Gaza em resposta ao atentado pode favorecer os grupos extremistas palestinos.
Não faz sentido nem mesmo sugerir que exista um acordo entre a direita israelense e grupos terroristas palestinos. Mas é inevitável constatar que ambos são beneficiários políticos de um aumento da violência.


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