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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

O mano a mano

MIAMI - Foi um eloquente ato falho: o jornal "The New York Times", no seu sumário de notícias de ontem, diz que "os Estados Unidos e o Brasil encerraram antecipadamente as conversações destinadas a criar um acordo comercial de 34 nações depois de concluírem que havia pouco a mais a discutir".
Dá a impressão de que os 32 outros sócios do Brasil e dos EUA na Alca não apitam nada.
Não foi exemplo isolado na mídia do mundo rico no dia de ontem. O canadense "Globe and Mail": "A mexida na direção de um mínimo denominador comum (...), orquestrada por Washington e Brasília, reflete crescentes desacordos entre os dois titãs econômicos do hemisfério ocidental sobre quão longe deveriam ir as negociações para desmantelar barreiras comerciais".
De novo, é Brasil e EUA, como se nem o Canadá fosse um titã.
O fato é que a Alca não passa de uma negociação Estados Unidos/ Brasil (ou, no máximo, Mercosul).
Negociar sociedade com uma potência como os Estados Unidos é uma baita complicação.
Ainda que se deixe de lado a avaliação de que um acordo comercial entre países tão desnivelados economicamente como o Brasil e os Estados Unidos é sempre desfavorável aos mais pobre, há outras perspectivas céticas a levar em conta.
Exemplo: "O Brasil, de longe a maior economia da América do Sul, tem pouco a ganhar com um acordo regional, a menos que os EUA se disponham a reduzir seus grandes subsídios agrícolas e a limitar o uso de regras antidumping voltadas a cortar excessos de importação -duas questões quentíssimas num ano eleitoral, como será 2004 nos EUA" (texto também recente de "The Wall Street Journal", um jornal fundamentalista em matéria de livre comércio).
É bom pensar logo: não dá mais para assobiar e olhar para o lado, como se a Alca fosse desaparecer se a gente não prestasse atenção a ela. Está na primeira curva da esquina.


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