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EDUCAÇÃO DESIGUAL
Não trouxe grandes surpresas o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. A nota
média obtida pelos alunos na prova
de conhecimentos gerais foi de 49,55
-numa escala de zero a cem. É bem
melhor que a registrada no ano passado, 34,13, mas isso provavelmente
significa apenas que a prova de 2002
foi mais difícil do que o normal.
As disparidades permanecem as de
sempre. Segundo o último Enem,
alunos de escolas particulares se
saem melhor que os da rede pública
(nota média de 64,21 contra 44,79);
brancos têm melhores notas que negros (53,05 contra 44,13); e os mais
ricos (renda familiar superior a 50 salários mínimos) ficam à frente dos
mais pobres (renda de até um salário), com média de 68,47 contra
37,85. Filhos de pais instruídos também exibem rendimento superior.
Mais uma vez, o Enem revela que o
baixo desempenho escolar está frequentemente associado à pobreza e à
falta de estímulos intelectuais em casa. Essa é uma realidade perversa,
porque tende a tornar o ciclo miséria-ignorância-miséria uma sina familiar. Nada disso é, evidentemente,
uma fatalidade, mas é forçoso reconhecer que filhos de pais pobres e
sem instrução experimentam muito
mais dificuldades para manter-se na
escola com boas notas e eventualmente ir para a universidade.
Note-se ainda que o estudante carente que chega ao final do ciclo médio já faz parte de uma pequena elite,
pois boa parte dos mais pobres
abandona os estudos bem antes.
No Brasil, infelizmente, a escola
pública não se tem mostrado um instrumento eficiente de inclusão social. Seria uma tarefa talhada para
um governo petista mudar esse quadro, mas infelizmente, até aqui, os
sinais não são dos mais animadores.
Lamentavelmente, em que pese a retórica, a política educacional do PT
ainda se mostra hesitante e incerta.
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