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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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EDUCAÇÃO DESIGUAL

Não trouxe grandes surpresas o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. A nota média obtida pelos alunos na prova de conhecimentos gerais foi de 49,55 -numa escala de zero a cem. É bem melhor que a registrada no ano passado, 34,13, mas isso provavelmente significa apenas que a prova de 2002 foi mais difícil do que o normal.
As disparidades permanecem as de sempre. Segundo o último Enem, alunos de escolas particulares se saem melhor que os da rede pública (nota média de 64,21 contra 44,79); brancos têm melhores notas que negros (53,05 contra 44,13); e os mais ricos (renda familiar superior a 50 salários mínimos) ficam à frente dos mais pobres (renda de até um salário), com média de 68,47 contra 37,85. Filhos de pais instruídos também exibem rendimento superior.
Mais uma vez, o Enem revela que o baixo desempenho escolar está frequentemente associado à pobreza e à falta de estímulos intelectuais em casa. Essa é uma realidade perversa, porque tende a tornar o ciclo miséria-ignorância-miséria uma sina familiar. Nada disso é, evidentemente, uma fatalidade, mas é forçoso reconhecer que filhos de pais pobres e sem instrução experimentam muito mais dificuldades para manter-se na escola com boas notas e eventualmente ir para a universidade.
Note-se ainda que o estudante carente que chega ao final do ciclo médio já faz parte de uma pequena elite, pois boa parte dos mais pobres abandona os estudos bem antes.
No Brasil, infelizmente, a escola pública não se tem mostrado um instrumento eficiente de inclusão social. Seria uma tarefa talhada para um governo petista mudar esse quadro, mas infelizmente, até aqui, os sinais não são dos mais animadores. Lamentavelmente, em que pese a retórica, a política educacional do PT ainda se mostra hesitante e incerta.


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