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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Túnel Ayrton Senna
"A reportagem "Livro-caixa liga grupo a desvio em obra" (Brasil, pág. A6, 21/11), de Mario Cesar Carvalho, que envolve o consórcio CBPO-Constran, contém informações equivocadas que devem ser corrigidas por atingir novamente a imagem de tradicionais grupos de engenharia -com obras no Brasil e no exterior-, que têm reconhecida capacidade técnica e se orgulham da contribuição que têm dado ao país. A abertura da reportagem diz que "um livro-caixa apreendido pela Polícia Federal revela que a empresa Lavicen, que foi usada (grifo nosso) para desviar recursos na construção do túnel Ayrton Senna em São Paulo, fazia pagamentos à suposta quadrilha que seria formada por juízes, policiais federais e advogados". No parágrafo seguinte, o próprio repórter se contradiz ao dizer que "a Lavicen é acusada (grifo nosso) pelo Ministério Público de ter sido usada pelo consórcio CBPO-Constran no superfaturamento e no desvio de R$ 100 milhões na obra". Ora, como é possível garantir, como está logo na abertura da reportagem, que a empresa Lavicen "foi usada para desviar recursos" e, logo abaixo, dar uma informação totalmente diferente -de que "a Lavicen é acusada pelo Ministério Público de ter sido usada pelo consórcio CBPO-Constran'? Lamentamos que, pela terceira vez (vide correspondências anexas), tenhamos de explicar aos repórteres da Folha que a CBPO nada tem a ver com irregularidades denunciadas em edições anteriores e na reportagem de ontem. Manteve, sim, com essa empresa, um relacionamento comercial, normal e legal até o final da década de 90. A CBPO não teve, desde então, nenhuma relação com a Lavicen. A Lavicen, diferentemente do que foi publicado, existe e tem representante. O inquérito que investiga o relacionamento dessa empresa com o consórcio CBPO-Constran está sendo conduzido há três anos e não comprovou haver nenhuma irregularidade, não resultou no ajuizamento de nenhuma ação penal e nem sequer no indiciamento de alguma pessoa. Em nossa última carta à Folha, publicada em fevereiro de 2003, apresentamos todas as explicações técnicas e jurídicas para comprovar os equívocos que estavam sendo cometidos. Insistimos em solicitar à Folha que temas que ainda se encontram "sub judice" não sejam tratados como fatos consumados."
Marco Antônio Antunes, gerente de Comunicação Social da CBPO Engenharia Ltda. (São Paulo, SP) Resposta do jornalista Mario Cesar Carvalho - Perícia realizada pelo Ministério Público constatou que a Lavicen foi usada para desviar cerca de R$ 16 milhões dos R$ 100 milhões que desapareceram na construção do túnel Ayrton Senna. A Promotoria aponta o consórcio como agente do desvio, em inquérito ainda não julgado.

Maioridade
"A charge "Redução da maioridade penal" (Opinião, pág. A2, 20/11), do cartunista Angeli, embora de forma chocante e cruel, retrata fielmente o que pensam as nossas elites sobre o tema. Enquanto não houver uma distribuição mais justa da renda e uma política social que priorize a educação e a geração de empregos e enquanto a mídia, em especial a TV, não exercer o seu verdadeiro papel de formar cidadãos éticos, a sociedade brasileira, incentivada pelas Hebes Camargos do nosso dia-a-dia, começará a fazer justiça com as próprias mãos. Basta de hipocrisia!"
Geraldo Tadeu dos Santos Almeida (Itapeva, SP)

Violência
"O artigo de Otavio Frias Filho de 20/11 ("Círculo da violência", Opinião, pág. A2) merece resposta da sociedade civil comprometida com os direitos humanos. O texto começa por fazer justiça à figura de Franco Montoro, que jamais transigiu em seus princípios para procurar granjear votos. É bom lembrar que, já na época, a defesa da truculência policial era muito bem recebida -prova disso é o discurso de Maluf e de tantos outros. As críticas ao nosso governador são absolutamente necessárias, pois sua atitude de propor mudanças na fixação da responsabilidade penal para os jovens não é produto dos valores que deram impulso à sua carreira política. É importante que reflita sobre o imediatismo que insufla suas posições de agora. Acaso não foi ele um dos deputados que aprovaram o ECA? A importância de um jornal como a Folha é medida não só pelo número de jornais vendidos ou pela boa diagramação ou pelo bom nível de seus repórteres e editores. Vale muito a coragem de assumir posições, radicais se preciso, na defesa de princípios e de valores."
José Carlos Dias, advogado (São Paulo, SP)

 

"Sem a pretensão de contestar o artigo de Otavio Frias Filho de 21/11, gostaria de lembrar que Paulo Maluf, quando governador de São Paulo, divergiu dos militares de Brasília. Fez questão, por isso mesmo, de escolher para secretário da Segurança Pública um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Otavio Gonzaga Júnior. Fez isso justamente para que o combate ao crime no Estado fosse feito estritamente dentro daquilo que a lei determina, sem excessos, sem violência e sem nenhum outro ato que pudesse comprometer a polícia e o próprio governo. Como resultado, dentro da lei, os índices de criminalidade em São Paulo, durante a administração Paulo Maluf, caíram em todos os setores." Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de
Paulo Maluf (São Paulo, SP)

 

"É auspicioso ler um texto de Otavio Frias Filho quando despido de coloração e ressentimento políticos -como o artigo "Círculo da violência". Claro, equilibrado, correto. Pena isso ser tão raro."
Rui Marin Daher (São Paulo, SP)

Destilaria
"A inclusão da destilaria Gameleira na lista de responsáveis pela prática de trabalho escravo no país ("Governo corta crédito oficial de acusados de usar escravos", Brasil, 19/11) fere frontalmente a Constituição ao atribuir à empresa a pecha de criminosa, pois nem sequer existe denúncia criminal pela prática desse crime. Trata-se de uma conduta de cunho político, que tem o único propósito de ganhar a simpatia popular. A pecha atribuída à empresa é um despautério, seja pela forma como foi conduzido o processo (sem chance de defesa), seja pela gravidade dos fatos a ela atribuídos."
Marcos Aurélio Vilanova de Melo, diretor de operações (Confresa, MT)

Pobres e remediados
"Ao falar em fazer justiça social, tiran do do andar de cima para dar ao andar de baixo, nossas autoridades fazendárias deveriam esclarecer o que é considerado "andar de cima". Dizer que um cidadão que tem renda mensal de cerca de US$ 1.000 é um privilegiado, que pode pagar folgadamente os estudos de seus filhos e as despesas médicas de sua família, demonstra total alienação em relação à realidade brasileira por parte da nossa equipe econômica -ou má-fé. Justiça social não se faz empobrecendo os remediados, mas, sim, melhorando as condições dos mais pobres."
Luigi Petti (São Paulo, SP)

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