São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Comida perigosa

Depois do tabaco e do álcool, novos -e não tão novos- vilões ocupam espaço nas preocupações das autoridades sanitárias.
Altos índices de gorduras saturadas e trans, assim como de sódio, são detectados em produtos alimentares de largo consumo, como biscoitos, salgadinhos industrializados e yakissobas instantâneos. Em algumas marcas de macarrão com tempero, registram-se níveis de sódio que correspondem a 167% da porção recomendada.
É o que revela estudo recente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que, depois de analisar diversas categorias de produtos, do biscoito de polvilho à batata palha em saco plástico, recomenda ao consumidor atenta comparação entre as diversas marcas oferecidas.
De fato, conforme o fabricante há variações consideráveis nos níveis de sódio e gordura dos alimentos pesquisados. Diga-se de passagem, em alguns casos a menor incidência de tais substâncias é de bom grado anunciada no próprio rótulo do produto.
Falta, em todo caso, esclarecer mais a população quanto aos riscos envolvidos em tais alimentos. A hipertensão, no caso do sódio, e o entupimento arterial, no caso das gorduras saturadas, são consequências fartamente estabelecidas na literatura médica.
Se não se trata de incorrer, uma vez mais, no furor regulatório que faz do poder público uma espécie de árbitro orwelliano do que é bom ou ruim para o indivíduo, é entretanto dever do Estado investir em campanhas de esclarecimento e educação alimentar.
As verbas publicitárias que, tão amiúde, empregam-se para enaltecer os feitos administrativos dos governantes sem dúvida poderiam, em casos desse tipo, ter uso mais legítimo e republicano.
A fotogenia das multidões sorridentes, gratas aos políticos pela inauguração de uma estação de metrô ou pelos avanços da pesquisa petrolífera, parece entretanto constituir a dieta que, em matéria de comunicação pública, se prefere instilar nas veias dos cidadãos.


Texto Anterior: Editoriais: Mudar, mas não agora
Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Abstenção pela pedra
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.