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Editoriais
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Comida perigosa
Depois do tabaco e do álcool,
novos -e não tão novos- vilões
ocupam espaço nas preocupações
das autoridades sanitárias.
Altos índices de gorduras saturadas e trans, assim como de sódio, são detectados em produtos
alimentares de largo consumo, como biscoitos, salgadinhos industrializados e yakissobas instantâneos. Em algumas marcas de macarrão com tempero, registram-se
níveis de sódio que correspondem
a 167% da porção recomendada.
É o que revela estudo recente da
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que, depois de
analisar diversas categorias de
produtos, do biscoito de polvilho
à batata palha em saco plástico,
recomenda ao consumidor atenta
comparação entre as diversas
marcas oferecidas.
De fato, conforme o fabricante
há variações consideráveis nos níveis de sódio e gordura dos alimentos pesquisados. Diga-se de
passagem, em alguns casos a menor incidência de tais substâncias
é de bom grado anunciada no próprio rótulo do produto.
Falta, em todo caso, esclarecer
mais a população quanto aos riscos envolvidos em tais alimentos.
A hipertensão, no caso do sódio, e
o entupimento arterial, no caso
das gorduras saturadas, são consequências fartamente estabelecidas na literatura médica.
Se não se trata de incorrer, uma
vez mais, no furor regulatório que
faz do poder público uma espécie
de árbitro orwelliano do que é
bom ou ruim para o indivíduo, é
entretanto dever do Estado investir em campanhas de esclarecimento e educação alimentar.
As verbas publicitárias que, tão
amiúde, empregam-se para enaltecer os feitos administrativos dos
governantes sem dúvida poderiam, em casos desse tipo, ter uso
mais legítimo e republicano.
A fotogenia das multidões sorridentes, gratas aos políticos pela
inauguração de uma estação de
metrô ou pelos avanços da pesquisa petrolífera, parece entretanto
constituir a dieta que, em matéria
de comunicação pública, se prefere instilar nas veias dos cidadãos.
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