São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Integração energética e mudança do clima
CAROLINA LEMBO e NESTOR GONZALEZ LUNA
Muito se tem falado sobre as consequências das emissões de gases de efeito estufa para o aquecimento global: a cadeia do setor de energia sempre aparece entre os principais atores que contribuem para essa questão, respondendo por 60% do total emitido. Assim, é facilmente compreensível que, nas atuais negociações internacionais, que ocorrem no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, em inglês), o setor energético esteja no centro das discussões. Na última reunião da UNFCCC, realizada em outubro, em Tianjin, na China, a ministra das relações exteriores do México, Patricia Espinosa, afirmou que os avanços em energias renováveis e em tecnologias limpas são essenciais ao combate da mudança do clima. Ela, que presidirá a próxima Conferência das Partes (COP-16) -a partir de 29 de novembro, em Cancún, México- disse ainda que tais medidas podem facilitar o acesso às fontes de energia e promover a eficiência energética. A perspectiva de maior promoção das energias renováveis, por meio da integração energética da América Latina, apresenta-se como janela de grandes oportunidades. O recente estudo "Mercados Energéticos na América e Caribe", publicado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em parceria com a Olade (Organização Latino-Americana de Energia) comprova isso. Os dados mostram que, na América do Sul e na América Central, respectivamente, 31,87% e 48,89% das energias utilizadas são de fontes renováveis. Enquanto isso, a média mundial é de 12,6%, e chega a 7,2% nos países-membros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Na América do Sul, por exemplo, a utilização de energias renováveis tem crescido substancialmente nas últimas décadas, impulsionada principalmente pelo consumo de energia hidroelétrica e pela produção de biocombustíveis. A sub-região possui um potencial hídrico equivalente a aproximadamente 211 milhões de barris de petróleo a ser explorado, o que poderá ser viabilizado com a construção de usinas hidroelétricas já projetadas, em sua maioria binacionais, e com oportunidades de transferência de tecnologia Sul-Sul em etanol e biodiesel. O mesmo pode ser encontrado na América Central e no México, com o Projeto Mesoamericano, que compreende a interligação elétrica entre os países da sub-região. Portanto, a grande disponibilidade de recursos energéticos na América Latina abre uma janela única de oportunidade para integração energética eficaz na região. Da mesma maneira, também se mostra importante ferramenta para a transição para economia de baixo carbono, com consequente redução dos custos associados à produção de energia em todos os países e incrementando a tendência, que se observa na última década, de participação crescente de fontes renováveis, aproveitando as experiências bem-sucedidas da região. CAROLINA LEMBO, 26, é coordenadora de mercado internacional de energia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). E-mail: carolina.lembo@fiesp.org.br. NESTOR GONZALEZ LUNA, 41, é diretor de planejamento e projetos da Organização Latino-Americana de Energia (Olade). E-mail: nestor.luna@olade.org. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Viviane Senna: A grave patologia da educação brasileira Próximo Texto: Painel do Leitor Índice | Comunicar Erros |
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