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MAIS JUROS
Na primeira reunião do Comitê de Política Monetária
(Copom) sob a gestão de Henrique
Meirelles, a taxa de juros básica foi
elevada em meio ponto percentual.
Em cem dias, o Copom aumentou a
taxa de juros em 7,5 pontos percentuais, de 18% ao ano para 25,5%.
A decisão agradou ao mercado financeiro. A divulgação, no dia anterior, da meta ajustada de inflação de
8,5% para 2003 abria a possibilidade
de manutenção da taxa de juros básica. A despeito das projeções dos índices de preços ficarem acima da meta
ajustada, elas indicavam reversão da
tendência altista, como foi reconhecido pelo Copom.
Mas cresceram no mercado financeiro os sinais de desconfiança sobre
a firmeza com que o Banco Central
perseguiria o objetivo de conter a inflação. Isso porque o presidente do
BC sugeriu que a meta ajustada poderia ser novamente alterada, em razão de choques externos. Faltou explicitar que nova alteração na meta
de inflação decorreria de uma piora
no cenário externo.
Assim, o Copom poderia manter a
taxa de juros básica sem deixar de enviar claros sinais aos agentes financeiros sobre a sua firme disposição
de combater a inflação. O novo aumento parece significar um "pagamento de pedágio", pelo novo presidente do BC, para ganhar confiança
no mercado financeiro. Por essa lógica, uma vez conquistada essa confiança, o BC poderia retomar a trajetória de queda dos juros.
Mas os custos pagos pela nação para sujeitar-se a essa lógica, que é exatamente a mesma utilizada no governo anterior para manter juros altos,
têm sido excessivos. Segundo o próprio BC, a taxa média anual de juros
cobrada de empresários e consumidores subiu quatro pontos percentuais em novembro e atingiu alarmantes 49,5%. A elevação na taxa Selic, mesmo que pequena, projeta novos aumentos nos juros, criando dificuldades adicionais para o investimento, o emprego e a dívida pública.
Se os mercados festejam a decisão do
"novo" BC, a produção, o emprego e
Tesouro pagam a conta.
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