São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

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MAIS DEVAGAR

Mais um indicador revela os elevados custos do exagero com que vem sendo conduzida a política macroeconômica no Brasil. Trata-se do cadastro nacional do Ministério do Trabalho que registra admissões e demissões de empregados com carteira de trabalho.
No fechamento de 2005, esse cadastro apurou uma elevação de 1,25 milhão no número de empregados formais em relação ao final de 2004. Isso significa uma redução relevante, da ordem de 18%, no ritmo de criação desses empregos, pois ao longo de 2004 o saldo entre contratações e dispensas chegara a 1,52 milhão.
Essa perda de dinamismo do mercado de trabalho formal não surpreende. O recrudescimento do aperto fiscal e da prática de juros altíssimos contribuiu para uma forte redução do crescimento da economia: a velocidade de alta do PIB, que foi de 4,9% em 2004, diminuiu pela metade no ano passado.
Vale lembrar que a maneira pela qual o governo vem divulgando esses dados do emprego formal alimenta uma falsa impressão sobre a velocidade da criação de vagas. Parcela relevante dos empregos formais apurados não corresponde à abertura de novos postos, e sim à formalização de vagas já existentes. Sem explicitar essa diferença, o governo infla a criação de empregos e escamoteia os efeitos, saudáveis, da ação fiscalizadora do Ministério do Trabalho.
Maior formalização das relações de trabalho e sobretudo mais crescimento da economia são ingredientes básicos para combater o desequilíbrio das contas da Previdência Social, pois estimulam a arrecadação de contribuições. Desde 2003 esse desequilíbrio, como proporção do PIB, se mantém relativamente estável.
É evidente que uma expansão menos anêmica da economia teria viabilizado uma trajetória mais favorável, até porque um ambiente de maior crescimento dá aos empregadores melhores condições para arcar com encargos trabalhistas.


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