São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

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MATERIAL ELEITORAL

O governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou na semana passada a entrega de 4,5 milhões de kits de material escolar para alunos das escolas do Estado. A medida vai beneficiar mais da metade dos 6 milhões de estudantes das escolas estaduais.
Embora o governador negue, os indícios de uma manobra eleitoreira são evidentes. O Estado já destinava verbas à compra de material para alunos carentes e nunca o gasto com esse benefício foi tão elevado. No ano passado, o valor empenhado para essa finalidade atingiu R$ 43 milhões. Em 2006, a cifra mais que dobrou, para R$ 93 milhões.
O problema é que houve uma mudança significativa na forma de entrega dos kits. Em 12 anos de governo tucano no Estado de São Paulo, esta é a primeira vez em que o material é distribuído diretamente aos alunos. As mochilas que integram o kit são azuis, que é uma das cores-símbolo do PSDB, e estão grafadas com o slogan "respeito por você", que está entre os utilizados pelo governo estadual.
É claro que qualquer investimento que beneficie a população mais pobre é elogiável. Mas a atitude de Alckmin é incongruente com o comportamento anterior dos tucanos, que criticaram iniciativas semelhantes da ex-prefeita Marta Suplicy.
O atual governador e a então prefeita não são os únicos a empregar expedientes desse tipo com fins eleitorais. A aproximação das eleições sempre gera surtos de hiperatividade nos candidatos. Bons exemplos são a chamada operação "tapa-buracos", do governo federal, que dispensa licitações no afã de mostrar resultados, e o "recapeamento asfáltico" do prefeito de São Paulo, José Serra, também cotado para presidenciável tucano.
Em casos como esses, muitas vezes o problema não está nas iniciativas, que podem trazer benefícios imediatos à população. O perigo está na probabilidade -alta, se o passado for tomado como padrão- de que, passadas as eleições, os projetos sejam simplesmente deixados de lado.


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