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MATERIAL ELEITORAL
O governador de São Paulo e
pré-candidato à Presidência da
República, Geraldo Alckmin
(PSDB), anunciou na semana passada a entrega de 4,5 milhões de kits de
material escolar para alunos das escolas do Estado. A medida vai beneficiar mais da metade dos 6 milhões de
estudantes das escolas estaduais.
Embora o governador negue, os indícios de uma manobra eleitoreira
são evidentes. O Estado já destinava
verbas à compra de material para alunos carentes e nunca o gasto com esse benefício foi tão elevado. No ano
passado, o valor empenhado para essa finalidade atingiu R$ 43 milhões.
Em 2006, a cifra mais que dobrou,
para R$ 93 milhões.
O problema é que houve uma mudança significativa na forma de entrega dos kits. Em 12 anos de governo tucano no Estado de São Paulo,
esta é a primeira vez em que o material é distribuído diretamente aos
alunos. As mochilas que integram o
kit são azuis, que é uma das cores-símbolo do PSDB, e estão grafadas
com o slogan "respeito por você",
que está entre os utilizados pelo governo estadual.
É claro que qualquer investimento
que beneficie a população mais pobre é elogiável. Mas a atitude de Alckmin é incongruente com o comportamento anterior dos tucanos, que
criticaram iniciativas semelhantes da
ex-prefeita Marta Suplicy.
O atual governador e a então prefeita não são os únicos a empregar expedientes desse tipo com fins eleitorais. A aproximação das eleições
sempre gera surtos de hiperatividade
nos candidatos. Bons exemplos são
a chamada operação "tapa-buracos", do governo federal, que dispensa licitações no afã de mostrar resultados, e o "recapeamento asfáltico" do prefeito de São Paulo, José
Serra, também cotado para presidenciável tucano.
Em casos como esses, muitas vezes
o problema não está nas iniciativas,
que podem trazer benefícios imediatos à população. O perigo está na
probabilidade -alta, se o passado
for tomado como padrão- de que,
passadas as eleições, os projetos sejam simplesmente deixados de lado.
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