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KENNEDY ALENCAR
Quem é Alckmin?
BRASÍLIA - "Não se pode escolher
candidato oculto", disse o governador Geraldo Alckmin (SP). Foi resposta à surpresa da imprensa diante
da ousadia e firmeza com que luta
para ser o candidato do PSDB ao Planalto. E uma alfinetada no adversário tucano, o prefeito de São Paulo,
José Serra. Com menos de 13 meses de
mandato, Serra hesita em tornar pública a aspiração presidencial.
Alckmin tem razão. Candidato deve sair da toca. Mas faltou dizer que
não se pode escolher presidente com
idéias ocultas. Esquadrinhadas à
exaustão, as idéias, qualidades e defeitos de Serra e Lula são de conhecimento nacional. Alckmin, porém, é
um desconhecido da maioria do país.
Fez política só em São Paulo. Não enfrentou o grau de exposição e inquirição de uma campanha presidencial.
Com detalhes, a revista "Época" revelou laços entre Alckmin e a Opus
Dei, organização católica ultraconservadora. Um de seus membros, virgem aos 60 anos que usa duas horas
por dia o cilício (instrumento de autoflagelação), contou ter dado palestras de "formação cristã" a Alckmin
dentro do Palácio dos Bandeirantes.
A virgindade e a opção religiosa do
palestrante são problemas dele. A relação de um presidenciável com uma
organização obscura é problema dos
eleitores. Alckmin nega pertencer à
Opus Dei. Diz que as palestras ocorreram por seu interesse por teologia.
Indagado sobre o que pensa a respeito de aborto, métodos anticoncepcionais artificiais, legalização da maconha, pena de morte, o governador
preferiu, por ora, não responder.
Pontos da gestão Alckmin merecem
análise mais acurada. Vende-se como o administrador, mas o ajuste
das contas públicas em São Paulo foi
feito por Mário Covas. Dados de segurança pública melhoraram, mas a
truculência policial aumentou. Há sinais de retrocesso na educação, área
a cargo de um dândi conservador
que arregimenta claque para aplaudir o chefe na TV. É de interesse público saber quem é e o que pensa um
homem que pode ser presidente.
@ - kalencar@uol.com.br
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