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A TRAGÉDIA IUGOSLAVA
O nome de Kosovo, província sérvia
incrustada nos Bálcãs, tornou-se sinônimo de atrocidades com motivação étnica. A última delas ocorreu na
semana passada, na cidade de Racak,
quando tropas iugoslavas teriam assassinado um grupo de mais de 40
civis de origem albanesa.
O quebra-cabeça da região é complicado. A antiga Iugoslávia se esfacelou com o fim do comunismo. Das
seis repúblicas que a compunham,
só duas, Sérvia e Montenegro, permaneceram na federação. Kosovo é
parte do território sérvio, havendo
sobre isso consenso internacional.
Em 1992, os separatistas de Kosovo
proclamaram a independência, tentando seguir o exemplo da Croácia,
Eslovênia, Bósnia e Macedônia. O
governo iugoslavo reagiu. Os separatistas pegaram em armas e, desde então, uma guerra civil com combates
intermitentes tem manchado de sangue aquele território balcânico.
A dimensão étnica do conflito vem
do fato de que em Kosovo só um décimo da população é de origem cristã
e identificada com os sérvios. Os demais são descendentes de albaneses
e de cultura muçulmana.
O conflito ocorre dentro da Europa,
onde pressões conjuntas da ONU e
da Otan procuram forçar o presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, a
conter a crueldade de suas tropas.
Em lugar de fazê-lo, no entanto, ele
tentou expulsar o chefe da Missão Internacional de Verificação, o diplomata William Walker, que havia denunciado o massacre em Racak.
Aviões da Otan foram mobilizados
para eventuais ataques a instalações
iugoslavas. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e o secretário norte-americano de Defesa, William Cohen, reiteram ultimatos, recebidos
até agora com ouvidos moucos.
O uso da força deve ser evitado ao
máximo. Mas todos os recursos são
moralmente justificáveis para que
Kosovo não se transforme numa versão atualizada da Bósnia, onde chacinas se sucederam sem que a comunidade internacional tivesse nenhum
poder de intervenção.
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