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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
O lamentável tabagismo!
JÁ DEDIQUEI vários artigos nesta coluna sobre os males do tabagismo. Não tenho nenhuma
implicância contra os fumantes.
Expresso a preocupação de quem
atua na área hospitalar há mais de
40 anos e acompanha o sofrimento
dos que adquirem doenças do fumo e as despesas crescentes para o
seu tratamento.
O tabagismo está caindo na
maior parte dos países, com exceção da Ásia, onde a proporção de
fumantes ultrapassa 40% da população. Na Alemanha, são 34%; na
Inglaterra, 27%; nos Estados Unidos, 19%.
Nos últimos 15 anos, a proporção
de brasileiros que fumam caiu para
menos da metade em várias capitais do país. Nas capitais, são apenas 17%.
É um fato auspicioso. Mas os estragos causados pelo cigarro continuam grandes. Mais de 200 mil
pessoas morrem todos os anos por
causa de doenças do fumo. É uma
perda irreparável que, na maioria
dos casos, é precedida por um sofrimento profundo dos que contraem cânceres de garganta, boca,
pulmão e bexiga.
Além disso, há as perdas de recursos para o sistema de saúde, que
poderiam ser direcionados a outros objetivos. Um estudo realizado por Márcia Pinto, pesquisadora
do Instituto Oswaldo Cruz, estima
que o SUS gasta cerca de R$ 338
milhões anualmente para tratar 32
moléstias que vêm do hábito de fumar ("Fumantes custam R$ 338
milhões ao SUS", Estado, 17/3/08).
É uma soma gigantesca e, pior,
está subestimada, como diz a própria autora do estudo. O seu trabalho analisou apenas os custos de internação e quimioterapia. Mas o
tratamento de doenças cardíacas e
respiratórias segue um curso longo, que envolve várias intervenções
e uma grande quantidade de medicamentos. Se somarmos tudo o que
é gasto, a cifra será muito maior do
que essa. Lamentável.
Muitos usam o surrado argumento de que a indústria de cigarros gera muitos empregos e recolhe impostos gigantescos aos cofres públicos.
Até isso foi questionado pela
pesquisadora. Ela mostrou que o
preço dos cigarros caiu 20% nos últimos 15 anos devido a uma redução dos impostos. Numa época em
que todos os impostos subiram e a
carga tributária explodiu, o cigarro
foi contemplado com uma redução.
Dizem que o imposto caiu para
combater o contrabando de cigarros. Os números, entretanto, mostram que o contrabando se manteve estável, e as despesas do SUS aumentaram. Só no Brasil. Lamentável.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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