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SINAIS DE ALERTA
O desempenho das contas externas do Brasil em abril, de
acordo com dados divulgados ontem, revelou aspectos preocupantes.
O déficit em transações correntes
-ou seja, no fluxo de bens e serviços
com o exterior- foi maior do que se
antecipava. E a entrada de dólares
propiciada pelos investimentos dirigidos ao setor produtivo foi novamente decepcionante.
Com isso, pela primeira vez desde
abril de 2002 o ingresso mensal de
investimento direto externo foi insuficiente para cobrir a saída de dólares
produzida pelo saldo negativo nas
transações correntes.
Para impedir uma redução das reservas de divisas do Banco Central, a
contratação de novos empréstimos
externos teria de ter superado os pagamentos de empréstimos que venceram no mês. Não foi o que ocorreu. As reservas do BC sofreram queda e, excluídos os recursos emprestados pelo FMI, continuam próximas
de US$ 15 bilhões, um nível baixo.
A forte queda da cotação do dólar
ao longo das últimas semanas pode
sugerir que as contas externas do
país já tenham transitado para uma
posição confortável. Os números divulgados alertam para os limites ainda estreitos dessa melhora.
A piora do saldo em transações
correntes verificada em abril pode ter
sido episódica (as remessas de lucros
foram muito altas talvez para tirar
proveito do dólar "barato"). Mais
preocupante foi a confirmação de
que os investimentos diretos externos perderam mesmo ímpeto.
Para que a melhora das contas externas prossiga, será essencial sustentar superávits comerciais bastante
altos. Não seria prudente permitir
-por exemplo, por meio de uma valorização excessiva do real- uma
erosão das condições que têm permitido a obtenção desses saldos.
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