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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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SINAIS DE ALERTA

O desempenho das contas externas do Brasil em abril, de acordo com dados divulgados ontem, revelou aspectos preocupantes. O déficit em transações correntes -ou seja, no fluxo de bens e serviços com o exterior- foi maior do que se antecipava. E a entrada de dólares propiciada pelos investimentos dirigidos ao setor produtivo foi novamente decepcionante.
Com isso, pela primeira vez desde abril de 2002 o ingresso mensal de investimento direto externo foi insuficiente para cobrir a saída de dólares produzida pelo saldo negativo nas transações correntes.
Para impedir uma redução das reservas de divisas do Banco Central, a contratação de novos empréstimos externos teria de ter superado os pagamentos de empréstimos que venceram no mês. Não foi o que ocorreu. As reservas do BC sofreram queda e, excluídos os recursos emprestados pelo FMI, continuam próximas de US$ 15 bilhões, um nível baixo.
A forte queda da cotação do dólar ao longo das últimas semanas pode sugerir que as contas externas do país já tenham transitado para uma posição confortável. Os números divulgados alertam para os limites ainda estreitos dessa melhora.
A piora do saldo em transações correntes verificada em abril pode ter sido episódica (as remessas de lucros foram muito altas talvez para tirar proveito do dólar "barato"). Mais preocupante foi a confirmação de que os investimentos diretos externos perderam mesmo ímpeto.
Para que a melhora das contas externas prossiga, será essencial sustentar superávits comerciais bastante altos. Não seria prudente permitir -por exemplo, por meio de uma valorização excessiva do real- uma erosão das condições que têm permitido a obtenção desses saldos.


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