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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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A AUTORIDADE

Uma avassaladora vitória diplomática norte-americana. É assim que se pode definir a aprovação, pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU, das novas disposições da organização para o Iraque. A resolução foi ratificada por 14 a 0.
Além de pôr fim a 13 anos de sanções contra o Iraque, a nova resolução dá amplos poderes para os EUA e para o Reino Unido administrarem o país. Washington conseguiu até trocar o nome do estatuto legal que definiria sua situação no Iraque. Sai o tradicional termo "potência ocupante" e entra a "Autoridade", com letra maiúscula mesmo.
Estilística à parte, as novas provisões para o Iraque determinam que os EUA e o Reino Unido manterão firme controle sobre o país e seu petróleo "até que seja estabelecido um governo representativo reconhecido internacionalmente".
Para não dizer que a vitória de Bush foi absoluta, os países do CS que se opuseram à guerra, notadamente a França, a Rússia e a Alemanha, conseguiram incluir na resolução alguns pontos de sua agenda. Ao menos nominalmente, o papel da ONU na reconstrução e no controle sobre os fundos iraquianos foi reforçado. Acena-se, talvez, no futuro, com uma possível volta dos inspetores de armas das Nações Unidas.
Não há muito mistério por trás da tíbia oposição das nações antiguerra à nova resolução. Vale aqui a política do fato consumado. Mesmo sem o aval da ONU, Bush fez a guerra contra o Iraque. Não seria por não ter a chancela da organização agora que o presidente americano abriria mão de decidir o destino político do Iraque e de controlar seu óleo.
Aceitar os termos de Washington abre, para os países antiguerra, a perspectiva de receber uma parte do que o Iraque lhes devia e, quem sabe, de conseguir abocanhar uma fatia dos lucrativos contratos de reconstrução. Constatar que são interesses, e não princípios, que movem as relações internacionais não é exatamente uma surpresa.


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