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A AUTORIDADE
Uma avassaladora vitória
diplomática norte-americana.
É assim que se pode definir a aprovação, pelo Conselho de Segurança
(CS) da ONU, das novas disposições
da organização para o Iraque. A resolução foi ratificada por 14 a 0.
Além de pôr fim a 13 anos de sanções contra o Iraque, a nova resolução dá amplos poderes para os EUA
e para o Reino Unido administrarem
o país. Washington conseguiu até
trocar o nome do estatuto legal que
definiria sua situação no Iraque. Sai o
tradicional termo "potência ocupante" e entra a "Autoridade", com letra
maiúscula mesmo.
Estilística à parte, as novas provisões para o Iraque determinam que
os EUA e o Reino Unido manterão
firme controle sobre o país e seu petróleo "até que seja estabelecido um
governo representativo reconhecido
internacionalmente".
Para não dizer que a vitória de Bush
foi absoluta, os países do CS que se
opuseram à guerra, notadamente a
França, a Rússia e a Alemanha, conseguiram incluir na resolução alguns
pontos de sua agenda. Ao menos nominalmente, o papel da ONU na reconstrução e no controle sobre os
fundos iraquianos foi reforçado.
Acena-se, talvez, no futuro, com
uma possível volta dos inspetores de
armas das Nações Unidas.
Não há muito mistério por trás da
tíbia oposição das nações antiguerra
à nova resolução. Vale aqui a política
do fato consumado. Mesmo sem o
aval da ONU, Bush fez a guerra contra o Iraque. Não seria por não ter a
chancela da organização agora que o
presidente americano abriria mão de
decidir o destino político do Iraque e
de controlar seu óleo.
Aceitar os termos de Washington
abre, para os países antiguerra, a
perspectiva de receber uma parte do
que o Iraque lhes devia e, quem sabe,
de conseguir abocanhar uma fatia
dos lucrativos contratos de reconstrução. Constatar que são interesses,
e não princípios, que movem as relações internacionais não é exatamente uma surpresa.
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