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São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2003

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ERROS DO FMI

A falta de competência técnica em algumas áreas do FMI já foi apontada tanto por críticos de esquerda quanto por conservadores frustrados com a sua burocracia, como Joseph Stiglitz, um Nobel e ex-economista-chefe do Banco Mundial que classificou os tecnocratas do Fundo como de "terceira classe".
Agora é a vez do "General Accounting Office", órgão do Congresso dos EUA, que alerta em relatório para a impressionante frequência com que o FMI faz projeções imprecisas e se mostra incapaz de prever crises.
O pano de fundo para essa crítica ao FMI é conhecido: destaca-se no panteão das idéias conservadoras nos EUA a tese de que o dinheiro do contribuinte é mal gasto em burocracias multilaterais e governos corruptos em todo o mundo.
A essa tese soma-se o viés neoliberal contra intervenções nos mercados, mesmo que seja para evitar quebras financeiras espetaculares.
Finalmente, o sentimento anti-FMI ganha força numa época em que o unilateralismo, se preciso por meio da força militar, tornou-se o destino manifesto dos EUA no mundo. Nesse contexto, organizações que mesmo frágil e indiretamente criam espaços de negociação multilateral são vistas com suspeição.
Mas se não faltam motivações conservadoras ao novo ataque, o fato é que a capacidade preditiva dos volumosos relatórios do FMI e do Banco Mundial sempre foi realmente muito baixa, para dizer o menos.
Os dados coletados pelo Congresso dos EUA indicam que de um total de 134 recessões ocorridas entre 1991 e 2001 em 87 países emergentes, o "World Economic Outlook" foi capaz de prever apenas 15, ou 11%.
Qualquer país sujeito aos programas do FMI que errasse tanto em seus programas de ajuste veria a lona de modo irreversível. É portanto legítimo que o Congresso dos EUA, cujo governo financia boa parte do Fundo, coloque em dúvida a eficácia com que a burocracia financeira gasta o dinheiro dos contribuintes dos EUA.


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