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ERROS DO FMI
A falta de competência técnica
em algumas áreas do FMI já foi
apontada tanto por críticos de esquerda quanto por conservadores
frustrados com a sua burocracia, como Joseph Stiglitz, um Nobel e ex-economista-chefe do Banco Mundial
que classificou os tecnocratas do
Fundo como de "terceira classe".
Agora é a vez do "General Accounting Office", órgão do Congresso
dos EUA, que alerta em relatório para a impressionante frequência com
que o FMI faz projeções imprecisas e
se mostra incapaz de prever crises.
O pano de fundo para essa crítica
ao FMI é conhecido: destaca-se no
panteão das idéias conservadoras
nos EUA a tese de que o dinheiro do
contribuinte é mal gasto em burocracias multilaterais e governos corruptos em todo o mundo.
A essa tese soma-se o viés neoliberal contra intervenções nos mercados, mesmo que seja para evitar quebras financeiras espetaculares.
Finalmente, o sentimento anti-FMI
ganha força numa época em que o
unilateralismo, se preciso por meio
da força militar, tornou-se o destino
manifesto dos EUA no mundo. Nesse contexto, organizações que mesmo frágil e indiretamente criam espaços de negociação multilateral são
vistas com suspeição.
Mas se não faltam motivações conservadoras ao novo ataque, o fato é
que a capacidade preditiva dos volumosos relatórios do FMI e do Banco
Mundial sempre foi realmente muito
baixa, para dizer o menos.
Os dados coletados pelo Congresso dos EUA indicam que de um total
de 134 recessões ocorridas entre 1991
e 2001 em 87 países emergentes, o
"World Economic Outlook" foi capaz de prever apenas 15, ou 11%.
Qualquer país sujeito aos programas do FMI que errasse tanto em
seus programas de ajuste veria a lona
de modo irreversível. É portanto legítimo que o Congresso dos EUA, cujo
governo financia boa parte do Fundo, coloque em dúvida a eficácia com
que a burocracia financeira gasta o
dinheiro dos contribuintes dos EUA.
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