São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

Lula em queda

BRASÍLIA - É devastador para o governo o resultado da pesquisa de opinião do Instituto Sensus patrocinada pela CNT. A administração Lula vem perdendo popularidade desde agosto do ano passado.
O governo tinha 48,3% de aprovação em agosto. Hoje, 29,4%.
A corrosão é quase linear. Não há oscilações significativas muito acima da margem de erro. Mas é nítida a trajetória lenta e gradual rumo a uma possível impopularidade.
Também se degrada outra cidadela lulista, o desempenho pessoal do presidente. Após a posse, Lula tinha 83,6% de aprovação para a forma como conduzia o país. Hoje, o percentual é de 54,1% -ainda uma enormidade, embora o que mais impressiona são os 29,5 pontos percentuais jogados pela janela.
Lula gasta sua popularidade de maneira consciente, dizem integrantes da cúpula do governo. O presidente recebeu várias opções de política econômica ao assumir. Preferiu fazer a maldade de uma vez -reduzir a inflação de uma tacada só, com juros altos e recessão. A estratégia é sofrer no início e decolar no final do mandato. O tempo passa. A gordura não pára de ser queimada.
O que Lula fez até agora para consertar a economia do país? Uma reforma da Previdência que está prestes a ser derrubada pelo Supremo Tribunal Federal. A parte boa da reforma -limitar as aposentadorias do futuros servidores-, o governo tem medo de implementar.
Nada de reforma fiscal, tributária, trabalhista ou do Poder Judiciário. E tome salário mínimo miserável. Hoje, mais um espetáculo, com a Câmara reduzindo o mínimo de R$ 275 para R$ 260, a mando de Lula.
Onde estará o presidente quando os deputados governistas urrarem de prazer ao aprovar os R$ 260? Em Nova York. Por sorte, ainda não voou no novo avião que mandou adquirir para a Presidência: 65,8% dos entrevistados pelo Sensus desaprovam a compra da aeronave.


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