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CLÓVIS ROSSI
Guido Salim Mantega Maluf
GENEBRA - De tanto correr velozmente para a direita, o lulo-petismo acabou marcando encontro
com o malufismo.
Se alguém se lembra, Paulo Salim
Maluf foi o primeiro a lançar a tese
do "estupra, mas não mata". Marta
Suplicy correu atrás e cunhou sua
versão reduzida e "light" da frase, o
tal "relaxe e goze". Como todo mundo deve lembrar, a frase original é
"se o estupro é inevitável, relaxe e
goze". O desprezo ao público é
idêntico.
Agora vem Guido Mantega, o ministro da Fazenda, com sua própria
teoria sobre o caos nos aeroportos.
"É a prosperidade do país, mais
gente viajando, mais aviões nas rotas", viaja Mantega.
Paulo Salim Maluf, quando era
prefeito, também criou a sua própria teoria do caos como fruto da
prosperidade. Comentando os congestionamentos nas ruas de São
Paulo (não em seus aeroportos),
disse que era fruto do progresso, de
mais gente ter carro.
Mantega começa por passar distraidamente por cima do fato de
que não há mais aviões nas rotas.
Há menos, a partir do momento em
que a Varig entrou em colapso e
cortou várias rotas.
Depois, Mantega também passa
distraidamente por cima do fato de
que a prosperidade da China, para
não falar da dezena de países que
crescem bem mais que o Brasil, não
causa congestionamentos nos aeroportos, pelo menos não no patamar
indecente em que ocorrem no pobre país tropical.
Por fim, o ministro poderia, antes
de falar bobagens, entender-se com
seu chefe, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, para quem a culpa da
crise não é da prosperidade, mas do
boicote dos controladores.
Se se entendessem, talvez o distinto público tivesse o alívio de saber que as autoridades ao menos
sabem o que de fato está acontecendo. Já esperar que, sabendo, resolvam o problema seria realmente
pedir demais.
crossi@uol.com.br
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