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ELIANE CANTANHÊDE
As Farc, lá e cá
BRASÍLIA - O famoso... como é
mesmo o nome dele? Ah, sim. O famoso Indio da Costa, candidato a
vice de Serra por pressão do DEM e
por absoluta falta de opções, vem
apanhando um bocado por jogar as
Farc no centro do debate eleitoral e
no colo do PT. Deve ter sido por
inexperiência, mas acabou se revelando uma jogada oportuna a partir
dos últimos fatos políticos eletrizantes aqui no continente.
Imagine você o embaixador da
Colômbia na OEA mostrando filmes, fotos aéreas, nomes, locais,
testemunhas, um denso material
para comprovar que a Venezuela
de Chávez abriga, sim, acampamentos não apenas das Farc mas
também do ELN, o outro grupo
guerrilheiro colombiano.
Chávez contra-ataca anunciando
o rompimento das relações entre os
dois países, às vésperas da troca de
governo de Álvaro Uribe para seu
ex-ministro da Defesa Juan Manuel
Santos, que toma posse dia 7.
A impressão é que a Colômbia
decidiu chutar o pau da barraca
com a Venezuela agora para Uribe
pegar pesado e liberar Santos para
pegar leve. Se Uribe é linha-dura
contra as Farc, Santos é linha-duríssima. Mas ele mostra mais disposição ao diálogo e a uma boa convivência com a vizinhança esquerdista, inclusive com Chávez.
O fato é que as Farc são o tema
"caliente" da região e isso reforça a
polarização nas eleições brasileiras, que tem de tudo, até os pró-Chávez e os anti-Chávez. Quando o
tal Indio da Costa empurrou as Farc
para Dilma e o PT, eles passaram a
bater boca em público com o vice
do adversário, que tinham menosprezado, até ridicularizado. Ele era
pequeno, insignificante. Cresceu,
ganhou estatura. O PT inflou o vice
de Serra ao se esquecer da máxima:
"falem mal, mas falem de mim".
A expectativa para os próximos
dias é de maior contaminação ainda do conflito Colômbia-Venezuela
no debate eleitoral interno. A política externa, assim, arrasta a divisão
ideológica para os palanques.
elianec@uol.com.br
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