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DÉFICITS GÊMEOS
O déficit das contas públicas
dos EUA, segundo dados oficiais, atingiu US$ 398,8 bilhões no
segundo trimestre, tendo sido em
grande parte gerado em âmbito federal. Os governos estaduais e municipais gastaram apenas US$ 15,5 bilhões acima da arrecadação no mesmo período. Diante dessa realidade,
estimulada pelo gasto militar e pela
redução de impostos, houve uma expansão de 24,3% nos títulos da dívida pública em circulação. Os mercados financeiros estimam que o déficit fiscal continuará se elevando, podendo chegar a US$ 480 bilhões em
2004 - cerca de 4,2% do PIB.
O déficit em transações correntes
dos EUA também continua ascendente, tendo atingido US$ 554,8 bilhões no segundo trimestre de acordo com a mesma fonte. No ano anterior, o déficit norte-americano, de
US$ 483 bilhões, representou 75,5%
do déficit mundial, segundo o FMI.
A necessidade de financiamento
das contas públicas e do balanço de
pagamento dos EUA suga grande
parte da poupança mundial, quase
US$ 2 bilhões por dia.
O contínuo crescimento dos déficits gêmeos -fiscal e externo- é
uma ameaça à estabilidade financeira global. Os mercados podem desencadear uma acentuada desvalorização do dólar e/ou uma abrupta elevação das taxas de juros de longo
prazo nos EUA. Essa hipótese, que
lançaria mais dúvidas sobre a frágil
recuperação mundial, seria bastante
preocupante sobretudo para os países emergentes dependentes dos fluxos de capitais para consolidar suas
contas. O tema tem sido exaustivamente debatido no encontro anual
do FMI e do Banco Mundial, nos
Emirados Árabes.
A correção dos desequilíbrios norte-americanos exigiria uma retomada mais veloz do crescimento dos
gastos em consumo na Europa e na
Ásia e, consequentemente, a redução
do superávit comercial dessas regiões. Trata-se de uma situação bastante complexa, com riscos potenciais para a economia internacional.
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