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São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2003

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DÉFICITS GÊMEOS

O déficit das contas públicas dos EUA, segundo dados oficiais, atingiu US$ 398,8 bilhões no segundo trimestre, tendo sido em grande parte gerado em âmbito federal. Os governos estaduais e municipais gastaram apenas US$ 15,5 bilhões acima da arrecadação no mesmo período. Diante dessa realidade, estimulada pelo gasto militar e pela redução de impostos, houve uma expansão de 24,3% nos títulos da dívida pública em circulação. Os mercados financeiros estimam que o déficit fiscal continuará se elevando, podendo chegar a US$ 480 bilhões em 2004 - cerca de 4,2% do PIB.
O déficit em transações correntes dos EUA também continua ascendente, tendo atingido US$ 554,8 bilhões no segundo trimestre de acordo com a mesma fonte. No ano anterior, o déficit norte-americano, de US$ 483 bilhões, representou 75,5% do déficit mundial, segundo o FMI.
A necessidade de financiamento das contas públicas e do balanço de pagamento dos EUA suga grande parte da poupança mundial, quase US$ 2 bilhões por dia.
O contínuo crescimento dos déficits gêmeos -fiscal e externo- é uma ameaça à estabilidade financeira global. Os mercados podem desencadear uma acentuada desvalorização do dólar e/ou uma abrupta elevação das taxas de juros de longo prazo nos EUA. Essa hipótese, que lançaria mais dúvidas sobre a frágil recuperação mundial, seria bastante preocupante sobretudo para os países emergentes dependentes dos fluxos de capitais para consolidar suas contas. O tema tem sido exaustivamente debatido no encontro anual do FMI e do Banco Mundial, nos Emirados Árabes.
A correção dos desequilíbrios norte-americanos exigiria uma retomada mais veloz do crescimento dos gastos em consumo na Europa e na Ásia e, consequentemente, a redução do superávit comercial dessas regiões. Trata-se de uma situação bastante complexa, com riscos potenciais para a economia internacional.


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