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VERDADES E MENTIRAS
Não há como querer transformar o apresentador Gugu Liberato em vítima de um episódio em
que sua responsabilidade é evidente.
Mesmo na atmosfera farsesca e degradada da guerra pela audiência, na
qual se esvanecem as fronteiras entre
verdade e falsificação, jornalismo e
entretenimento, espetáculo e informação, há limites a respeitar.
É esperado dos enfoques sensacionalistas e popularescos que "esquentem" e dramatizem os acontecimentos, caso mundialmente conhecido
do jornalismo de tablóides ingleses.
Há nessas situações uma camada extra de ficção no tratamento dos fatos.
De tão explícita, no entanto, ela mesma tende a se denunciar: é como se
houvesse um acordo tácito entre público e veículo a respeito das regras
do jogo, sobre o que um pode apresentar e o outro se dispõe a aceitar.
Exibir uma entrevista forjada com
dois indivíduos que se fazem passar
por membros de uma organização
criminosa rompe até mesmo esse
"contrato" estabelecido no ambiente
movediço do sensacionalismo.
Pode-se considerar, certamente,
que a liminar concedida pelo Tribunal Regional Federal suspendendo a
exibição do "Domingo Legal" tenha
sido uma extrapolação da Justiça. De
fato, a decisão assumiu caráter punitivo numa etapa anterior ao julgamento da questão. Isso não modifica
a evidência de que o apresentador deve responder pela falha cometida.
O imbróglio tem suscitado também novos debates sobre a qualidade da TV. Não é preciso perder tempo para concluir que o baixo nível,
em certas faixas, impera. De tão patente, a degradação ética e moral
chega a despertar entre setores da elite a tentação de soluções tão "iluministas" quanto autoritárias -ou seja, o uso de barreiras institucionais
para cercear a exploração desenfreada de certos temas.
Embora seja mais do que desejável,
a elevação da qualidade deveria, na
realidade, advir de uma resposta às
pressões sociais a ser dada pelas próprias emissoras, que, afinal, utilizam
concessões -nunca é demais lembrar- de caráter público.
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