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São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Terrorismo
"Li o artigo de Miguel Colasuonno ("Investimentos na era do terrorismo", "Tendências/Debates", pág. A3, 22/9) que detecta com precisão a era da violência atual -a começar pelo terrorismo- e mostra como as incertezas que ela provoca terminam por afetar os investidores, que buscam sempre estabilidade para suas aplicações financeiras ou de risco. Demonstra, todavia, que, apesar dos conflitos sociais que estamos presenciando e de algumas descompassadas reivindicações nitidamente político-ideológicas, o país continua propício à atração de capitais. A meu ver, todo o problema reside no alto endividamento dos Estados Unidos -o que afeta o seu crescimento e o do mundo- assim como na forma equivocada como Bush combate o terrorismo, jogando mais gasolina no incêndio. Não sem razão, ao invadir e destruir o Iraque sem quaisquer provas de seu envolvimento com o terror, ganhou a antipatia dos povos árabes, pagando um alto preço diário, com a vida de seus soldados, por força de uma concepção errada de combate ao terrorismo."
Ives Gandra da Silva Martins, professor emérito da Universidade Mackenzie (São Paulo, SP)

Ministério Público
"É lamentável que a Folha continue dando espaço ao procurador Luiz Francisco de Souza ("Ímpeto da procuradoria arrefece sob Lula", Brasil, pág. A8, 21/9). Além de réu confesso no caso do painel do Senado, em que foram destruídas provas, o referido cidadão insiste em usar suas prerrogativas de agente público para atacar a honra de adversários políticos e proteger correligionários. Dizer que ele "ficou famoso por sua persistência em investigar Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência no governo FHC," sem mencionar que tal investigação prescreveu sem que nenhum indício de irregularidade fosse encontrado é, mais uma vez, atacar a vítima e enaltecer o algoz. Ao alimentar tal leviandade, o jornal se torna cúmplice do procurador."
Juvenal Fernandes (Rio de Janeiro, RJ)

 

"Gostaria de, no domingo, poder ler este jornal sem sentir revolta e o estômago embrulhado. Mas não é o que tem acontecido. Desta vez, não pude deixar de senti-lo ao ler a reportagem sobre o Ministério Público Federal. É certo que o desconhecimento da Folha sobre o meio jurídico é gritante -a ponto de os repórteres errarem com frequência coisas simples, como a nomenclatura de cargos. Mas há má-fé no texto sobre a atuação do procurador-geral da República, Cláudio Fonteles. Um pouco mais de informação mostraria ao repórter o trabalho que ele vem desenvolvendo. Para ficarmos apenas na análise quantitativa, foram mais de 40 ações diretas de inconstitucionalidade propostas em pouco mais de dois meses contra oito do procurador anterior em um ano. Quanto à análise qualitativa do trabalho, um bom exercício seria pegar cada uma das ações propostas e analisá-las. Também seria bom que o jornal, em vez de ser pautado pela "oposição" e por certos setores internos do Ministério Público, pudesse pesquisar e compreender o dia-a-dia da atuação de um procurador da República. Com certeza, os leitores receberiam informações melhores, e injustiças não seriam cometidas."
Maria Célia Néri (Belo Horizonte, MG)

Resposta do jornalista Frederico Vasconcelos - O doutor Cláudio Fonteles recebeu, no último dia 9, amplo relatório sobre o objetivo da reportagem, as críticas ao Ministério Público Federal recebidas pelo jornal e o pedido de informações. Foi novamente procurado dois dias antes da publicação, diante de fatos novos. Apenas respeitamos o seu direito de não ter querido manifestar-se.

Extinção
"Se a classe média fosse um animal, os ecologistas diriam que está em extinção. Os planos de saúde para tranquilizar a família estão quase impagáveis. A troca do desgastado automóvel foi adiada para não sei quando e mal dá para mantê-lo rodando. Aquele eventual jantar ou esticada noturna estão impraticáveis. Os esporádicos supérfluos nos supermercados mínguam cada vez mais. Roupas de grife nem pensar. Falta pouco para as crianças migrarem para o colégio público e o salário é curto para um mês tão grande. Isso para aqueles que têm emprego. Para complicar ainda mais, é eminente a elevação da carga tributária. Falta pouco, muito pouco, para a classe média se tornar coisa do passado."
Humberto Schuwartz Soares (Vila Velha, ES)

Festa covarde
"A festa covarde que faz espetáculos com a dor dos animais mudos e indefesos todos os anos repete-se na cidade de Barretos e em outras cidades. O Brasil é rico em folclore e não precisa copiar o lixo da cultura de alguns Estados americanos. É lamentável ver artistas, meios de comunicação, políticos e o povo pagante prestigiando essa selvageria. Rodeio é a expressão de crueldade."
Helena Brambilla dos Santos (São Paulo, SP)

ONU
"Ao ler o editorial "Reforma da ONU" (Opinião, pág. A2, 22/9), lembrei-me de alguns aspectos que necessitam de mudanças. Há vários países não-membros que gostariam de participar de alguma maneira em seu benefício. Ao reunir-se em Nova York, a Assembléia Geral bem que poderia incluir em sua pauta de discussões a participação de Taiwan na ONU. O mundo teria muito a ganhar com essa participação. Ao identificar-se com os ideais de paz e de direitos humanos da ONU, Taiwan deseja cumprir suas obrigações como membro responsável da comunidade mundial e cooperar com outras nações na prestação de assistência humanitária e apoio ao desenvolvimento sustentável.
Alexandra Guima Alves (São Paulo, SP)

Loas
"De que adiantam as loas do governo norte-americano à nossa atual política econômica? Nove meses já se passaram e os indicadores socioeconômicos do país seguem preocupantes. A atividade produtiva está em queda, o desemprego não recua e a arrecadação federal começa a cair. O governo Lula precisa afastar-se da ortodoxia tão ao gosto do FMI e redirecionar a sua ação para um forte estímulo ao desenvolvimento."
Hugo Sérgio Urquiza de Castro (Rio de Janeiro, RJ)

Racismo
"A carta do senhor Hermínio Silva Júnior ("Painel do Leitor", 22/9) é um exemplo acabado de como funciona a sutil propaganda racista, baseada na idéia de que de tanto repetir uma mentira ou calúnia ela vira uma verdade. Foi assim que se sustentaram idéias como a superioridade da raça ariana, a prevalência dos brancos apregoada pela Ku Klux Kan, a veracidade dos protocolos dos sábios de Sion e a novíssima tese da falsidade dos diários de Anne Frank, mesmo que sistematicamente desmentida por argumentos, por fatos, por dados reais e por farta documentação."
Jaques Rechter (São Paulo, SP)

Exclusão
"Na reportagem "Ilha branca" revela exclusão de negros", foi dito que "São Paulo é a cidade brasileira com o maior número absoluto de negros (3,1 milhões), à frente do Rio de Janeiro (2,4 milhões) e de Salvador (1,8 milhão)". A esse respeito, aponto que foi lamentável a omissão da fonte dessa informação [Observatório Afro-Brasileiro (IPDH-UFRJ), baseado na amostra de 10% do Censo 2000]. Devo lembrar que o Observatório que coordeno funciona com recursos extremamente escassos e creio que seja pedir o mínimo a singela citação das pesquisas que nós fizemos. Lembro que essas pesquisas custam recursos humanos, físicos e materiais -que não são pequenos- e que a lacuna dessa informação está longe de ser um mero detalhe."
Marcelo Paixão, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro - coordenação do Observatório Afro-Brasileiro (Rio de Janeiro, RJ)

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