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Equação difícil
Proposta dos Estados Unidos para reequilibrar a economia global deveria passar pela desejável reforma do FMI
A CÚPULA do G20, que
reunirá mais uma vez
as principais economias mundiais a partir
de amanhã em Pittsburgh, nos
EUA, não mais desperta as grandes expectativas alimentadas no
encontro de Washington, em novembro passado. Aquele encontro chegou a ser encarado como o
possível ponto de partida para
um acordo geral de regulação das
transações financeiras e comerciais entre os países -um sucessor do modelo desenhado em
1944, na conferência de Bretton
Woods, que ruiu na década de 70.
Ainda que suas pretensões não
cheguem a tanto, a proposta a ser
apresentada pelo governo americano para corrigir os desequilíbrios que estiveram na origem da
crise econômica global é ambiciosa. No que tange ao interesse
particular do Brasil, cria-se uma
oportunidade para ver atendido
o legítimo pleito de ampliação do
peso dos países emergentes no
Fundo Monetário Internacional.
A multiplicidade de interesses
envolvidos, entretanto, recomenda acompanhar as negociações com paciência e ceticismo.
Em resumo, os Estados Unidos
se dispõem a controlar os gastos
de seu governo, parte de um esforço para reduzir o consumo total de sua economia, que nos últimos anos acumulou dívidas e
megadéficits comerciais, enquanto o resto do mundo acumulava reservas sem precedentes em dólar. Em contrapartida,
os grandes poupadores e exportadores, caso de China, Japão e
Alemanha, tratariam de estimular seus mercados internos e, em
consequência, suas importações.
O mais evidente obstáculo ao
entendimento é o governo chinês, que obtém taxas incomparáveis de crescimento econômico
com a política de manter desvalorizada a cotação de sua moeda,
o yuan, para baratear seus produtos e impulsionar as vendas ao
exterior. O atrativo a ser oferecido aos gigantes Brasil, Rússia,
Índia e China, associados na sigla
Bric, é o aumento da participação dos países não desenvolvidos
no FMI, dos atuais 43% para algo
próximo dos 50%.
Mesmo que haja um entendimento entre americanos e Brics,
resta a oposição dos países europeus, candidatos naturais à perda de influência no organismo
multilateral. A desejável reforma
do FMI ainda pode perder força
com o arrefecimento da crise.
A medida é mais que razoável
diante da rápida expansão da
parcela emergente no Produto
Interno Bruto mundial, que passou de pouco mais de um terço,
até a década passada, para a quase metade de hoje, se considerada a paridade do poder de compra entre as moedas. E se torna
mais estratégica uma vez que,
pelo modelo imaginado pelos
EUA, caberia ao Fundo o monitoramento das metas fixadas para o ordenamento dos fluxos de
dinheiro entre os países.
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