São Paulo, quarta, 23 de setembro de 1998

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A EXAUSTÃO DO RODÍZIO

Por vias tortas, o rodízio de veículos, que tinha por objetivo melhorar a qualidade do ar nos meses de poluição mais aguda, acabou sendo durante dois anos um paliativo que se mostrou eficaz na redução dos congestionamentos em São Paulo.
Os efeitos desse paliativo, porém, parecem estar se esgotando -e mais rápido do que se previa inicialmente. Conforme noticiou ontem esta Folha, a CET registrou nos horários de pico da manhã no mês passado um congestionamento médio semelhante ao que era verificado antes da restrição à circulação de veículos.
Sejam quais forem as razões dessa piora, o fato é que, além de novos paliativos, deve-se ressaltar mais uma vez a necessidade de se pesquisarem soluções mais duradouras para o tráfego, o planejamento e o desenvolvimento econômico da cidade.
Diante da premência da situação, seria uma tolice descartar os paliativos. É preciso no entanto, além de políticas emergenciais, atender às necessidades de mais longo prazo, as quais, no entanto, também precisam ser pensadas e encaminhadas de maneira tão urgente quanto possível.
Levantou-se há alguns meses a discussão sobre a pertinência da cobrança de pedágios sobre veículos que trafegam nas regiões centrais da cidade, em ruas e horários de maior congestionamento. Se, por um lado, essa medida parece ter o defeito grave de punir os mais pobres, por outro poderia ser uma fonte de recursos para que se invista mais em transporte público, de cuja melhoria e expansão parece depender a solução do problema a médio prazo.
Sabe-se que uma questão complexa e espinhosa como essa não se resolve de uma só vez ou com uma medida isolada. Nem é o congestionamento crônico um drama exclusivo de São Paulo. Mas sabe-se também que o transporte público, durante décadas, nunca foi prioridade real de governo algum, municipal ou estadual. É mais do que hora de que passe a ser. O alívio que adveio em função do rodízio está com os dias contados.



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