|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A EXAUSTÃO DO RODÍZIO
Por vias tortas, o rodízio de veículos, que tinha por objetivo melhorar
a qualidade do ar nos meses de poluição mais aguda, acabou sendo durante dois anos um paliativo que se
mostrou eficaz na redução dos congestionamentos em São Paulo.
Os efeitos desse paliativo, porém,
parecem estar se esgotando -e mais
rápido do que se previa inicialmente.
Conforme noticiou ontem esta Folha, a CET registrou nos horários de
pico da manhã no mês passado um
congestionamento médio semelhante ao que era verificado antes da restrição à circulação de veículos.
Sejam quais forem as razões dessa
piora, o fato é que, além de novos paliativos, deve-se ressaltar mais uma
vez a necessidade de se pesquisarem
soluções mais duradouras para o tráfego, o planejamento e o desenvolvimento econômico da cidade.
Diante da premência da situação,
seria uma tolice descartar os paliativos. É preciso no entanto, além de
políticas emergenciais, atender às
necessidades de mais longo prazo,
as quais, no entanto, também precisam ser pensadas e encaminhadas de
maneira tão urgente quanto possível.
Levantou-se há alguns meses a discussão sobre a pertinência da cobrança de pedágios sobre veículos
que trafegam nas regiões centrais da
cidade, em ruas e horários de maior
congestionamento. Se, por um lado,
essa medida parece ter o defeito grave de punir os mais pobres, por outro
poderia ser uma fonte de recursos
para que se invista mais em transporte público, de cuja melhoria e expansão parece depender a solução do
problema a médio prazo.
Sabe-se que uma questão complexa
e espinhosa como essa não se resolve
de uma só vez ou com uma medida
isolada. Nem é o congestionamento
crônico um drama exclusivo de São
Paulo. Mas sabe-se também que o
transporte público, durante décadas,
nunca foi prioridade real de governo
algum, municipal ou estadual. É
mais do que hora de que passe a ser.
O alívio que adveio em função do rodízio está com os dias contados.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|