São Paulo, quarta, 23 de setembro de 1998

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PAINEL DO LEITOR

Comunidade Solidária
"A nota 'Beliche', publicada na edição de ontem da coluna 'Joyce Pascowitch' (pág. 4-2, Ilustrada) é, no todo, incorreta e desrespeitosa em relação à dra. Anna Peliano, ao ministro Clóvis Carvalho e à dra. Ruth Cardoso.
Esta assessoria está permanentemente à disposição de jornalistas e órgãos de imprensa para checar quaisquer informações, por mais absurdas que pareçam, referentes ao Comunidade Solidária. Lamento que essa respeitada coluna tenha sido veículo de difusão de uma versão absolutamente fantasiosa sobre a saúde da dra. Ruth."
Ilara Viotti, assessora de imprensa do Comunidade Solidária (Brasília, DF)

Infratores
"Parabéns à Folha pela reportagem de 21/9 (Cotidiano) sobre o sistema penal aplicado às crianças e adolescentes infratores no Estado de São Paulo. É absolutamente necessário mudar a mentalidade punitiva para uma atitude reeducativa. A aplicação das medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente deve ser encorajada.
Cabe ao Judiciário permitir que os adolescentes infratores tenham essa oportunidade de recuperação. Cabe ao Executivo criar as condições para que essas medidas possam ser postas em prática. Às comunidades cabe conscientizar-se de que rejeitar a instalação de unidades onde os infratores possam receber as medidas socioeducativas é tão grave quanto cometer crimes contra a sociedade."
Sérgio E. Mindlin, diretor-presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança (São Paulo, SP)

Decoração
"Em nome dos Arquitetos de Interiores e Decoradores manifestamos nosso descontentamento com o critério de edição adotado para a reportagem de capa da Ilustrada de 21/9 e com a reedição da frase 'Decoração é um lixo. Decoração é antidesign' na edição de ontem, na pág. 1-2 ('Frases'), referente à entrevista de Alexandre Wollner, 70, designer visual.
Sabemos que a frase manifesta o pensamento do entrevistado. Entretanto, também sabemos que a escolha do título da reportagem, a relevância dada à declaração e a sua repetição são critérios exclusivos de quem edita o jornal. Imaginamos que a frase infeliz desse designer foi julgada como a mais importante de toda a entrevista. Mas é preciso que o jornal e o editor responsável considerem a repercussão dessa afirmação para o conjunto de toda uma categoria profissional. A mesma não é expressiva, figurando-se como uma inverdade e prejudicando um trabalho mais profundo e relevante."
Carolina Szabó, presidente da Associação Brasileira de Arquitetos de Interiores e Decoradores -ABD (São Paulo, SP)

Crise do neoliberalismo
"Nestes dias de queda de Bolsa e de eleições, o que mais se ouve falar é de uma tal de 'crise mundial'. Só que o que o povo não sabe (e os veículos de informação também parecem não saber) é que essa tal crise não é mundial, mas sim uma crise do sistema neoliberal. Se a crise é mundial, como é que essas quedas das Bolsas não ocorrem em países como o Uruguai e o Sri Lanka, que não são países neoliberais?"
Fernando Ramos Bernardes Dias (Patrocínio, MG)

Torcida pelo 2º turno
"A farsa do plano econômico está balançando. Seria muito prudente que a decisão da eleição presidencial fosse para o segundo turno. O governo deverá tomar medidas duras para proteger o real e aguarda apenas a liquidação da fatura já no primeiro turno.
Enquanto isso, a galera está mais preocupada com 'Coríntia', programa do Ratinho, novela, pelada de sábado, cerveja no boteco, pagode."
Flávio Alves de Lima (Jundiaí, SP)

Desigualdade
"Na edição de 20/9 da Folha, no caderno Eleições, há um levantamento muito interessante sobre o espaço editorial dedicado aos candidatos a presidente e governador de São Paulo.
Ocorre que, ao contrário do que aduzem os títulos 'Levantamento mostra equilíbrio no noticiário' e 'Cobertura da eleição para governador em SP é neutra', os dados constantes nos gráficos e textos demonstram exatamente o contrário, ou seja, que, em agosto e setembro, enquanto FHC teve em média 30% de espaço e Lula, 15%, Ciro Gomes teve apenas 1,76%. Pior, na última semana, enquanto FHC teve 24%, Lula teve apenas 6,26% e Ciro, 0,54%!"
Eliseu Rosendo Nuñez Viciana (São Paulo, SP)

Violência contra mulheres

"A novela 'Torre de Babel' banaliza a violência. Transforma em herói um homem que matou sua mulher, arranjando outras desculpas para ele ter cumprido a pena que não o fato de ter assassinado a mulher. E, como se não bastasse, apresenta ainda a agressão física às mulheres em nome da honra dos maridos traídos.
No capítulo de anteontem, o personagem Alexandre espancou sua mulher, enquanto todos olhavam e diziam que, por ser um problema de família, ninguém deveria se meter. Minutos antes, ele espancara o suposto amante e várias pessoas apartaram a briga.
É inaceitável ver na televisão a construção da justificativa dessa violência contra as mulheres."
Rosana Ramos (São Paulo, SP)

Psiquiatria
"O sr. Otavio Frias Filho disse em artigo sobre o 'maníaco do parque', que a psiquiatria é muito primitiva (Opinião, pág. 1-2, 20/8). Embora eu seja um psiquiatra frustrado e tenha razões particulares para não admirá-la, discordo. Na década de 50 se inicia uma revolução nos psicofármacos, que nas décadas de 60 e 70 se faz de forma explosiva. Ao mesmo tempo, na década de 50 inicia-se o casamento da psiquiatria com as idéias psicanalíticas. Se de um lado foi bom para a psiquiatria, de outro favoreceu o esquecimento por certas escolas médicas de que o pilar sólido da especialidade está na psiquiatria clássica.
O 'maníaco do parque' deu oportunidade a certos diagnósticos ridículos, acrescidos de dinâmicas desfocadas e tolas. Replicando o artigo de Otavio Frias Filho, o psiquiatra José Elias Aiex Neto dá uma pequena aula prática sobre o maníaco (Cotidiano, 11/9). Lamento que tenha se esquecido de frisar que a personalidade psicopática não tem dor de consciência, chegando à condição de pedra."
Luiz Ribeiro de Oliveira (Rio de Janeiro, RJ)



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