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ARQUIVOS PROIBIDOS
Ainda não está esclarecido o
episódio das imagens, recentemente divulgadas, em que apareceria
o jornalista Vladimir Herzog pouco
antes de seu assassinato em 1975.
São duvidosas não apenas as circunstâncias das fotos como a identidade das pessoas retratadas em situação de nudez constrangedora. Só
não paira dúvida sobre o fato de que
Herzog foi preso, torturado e assassinado por agentes do regime militar
então em vigor no Brasil.
Mas o episódio serviu para demonstrar que as Forças Armadas
ainda não desenvolveram uma atitude adequada em relação a esse passado traumático. Uma primeira nota,
divulgada pela assessoria do Exército, repetia o jargão mistificador utilizado pelo regime militar. Foi seguida
por outra nota, autorizada pelo comandante da Força e feita sob medida em acatamento a instruções do
próprio presidente Lula.
Ao contrário do que muitas vezes
se apregoa hoje, o regime militar não
foi resultado de alguma vocação repressiva inerente às Forças Armadas.
Foi fruto da violenta radicalização
política que afetou o mundo inteiro
nas décadas de 60 e 70 do século passado. A oposição armada ao regime
militar não era democrática. Seu objetivo era implantar uma ditadura socialista no país, que teria sido igual
ou até pior que a dos generais.
Mas nada disso justifica os desmandos que ocorreram sob a responsabilidade do regime instalado
em 64, que não somente suprimiu as
liberdades públicas mas torturou e
assassinou adversários que se encontravam sob custódia do Estado.
Dessa terrível experiência, a sociedade brasileira emergiu sob o compromisso de nunca mais aceitar a quebra das regras democráticas nem a
violência contra opositores políticos.
A anistia de 1979 permitiu superar
esse passado, evitando que se perenizasse uma espiral de ressentimentos,
compreensíveis de ambos os lados,
mas inaceitáveis como forma de convivência numa mesma nação. O espírito da anistia, que deve ser preservado, não significa porém desconhecer
o passado. É necessário que os arquivos da repressão sejam de uma vez
por todas divulgados e que os fatos
ainda obscuros sejam esclarecidos
-em nome da História e do aprendizado das futuras gerações.
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