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"CORRALITO" REVOGADO
O governo argentino deu
mais um passo no seu longo e
doloroso ajuste econômico. Liberou
os pesos retidos em contas de poupança e depósitos a vista, artifício conhecido como "corralito".
Medidas como essa em geral são
vistas nos meios financeiros como
um dos caminhos rumo à hiperinflação. Como é elevadíssima a desconfiança e a incerteza com relação ao
futuro, a tendência nesses casos é a
liberação produzir uma corrida para
o dólar. Em tese, viria uma hiperinflação possivelmente rápida, que afinal "queimaria" toda essa riqueza.
O governo argentino chega a esse
ponto menos por estratégia e mais
por força das circunstâncias. Os
"amparos" (liminares) de correntistas na Justiça chegavam já a dezenas
de milhares e minavam a credibilidade da política econômica argentina.
Um dos obstáculos a um acordo
com o FMI e motivo de descrédito externo era a ausência de um modelo
consensual sobre como atender aos
direitos confirmados na Justiça sem
desequilibrar o sistema bancário e,
de resto, afetar o valor da moeda.
A hipótese de uma corrida para o
dólar e de uma hiperinflação, no entanto, é relativamente mais baixa
nesse momento. A Argentina faz a
defesa das suas reservas internacionais que, embora baixas, dão algum
fôlego ao seu banco central.
Outro motivo para duvidar do pior
é que a inflação caiu, houve alguma
reanimação econômica e aumentaram os depósitos a prazo. E vinham
aumentando as reservas bancárias
em relação ao total de depósitos.
Ou seja, ao contrário do ano passado, quando houve uma corrida que
colocou em risco a sobrevivência dos
bancos, nesse momento eles estão
relativamente mais saudáveis.
O fator decisivo, no entanto, será o
grau de confiança dos depositantes.
O FMI vira as costas para a Argentina. Na melhor hipótese ocorre agora
mais uma pressão cambial e inflacionária, tornando ainda mais doloroso
um ajuste econômico cujo final ninguém se atreve a adivinhar.
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