São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

A serviço da infância

De 17 a 24 de novembro, encontram-se unidas várias Igrejas na cidade de São Paulo reafirmando o compromisso comum de serviço ao menor, especialmente quando em situação de pobreza e de risco. A iniciativa abrange celebrações nas Igrejas Metodista (17/11), Luterana (19/11), Católica (20/11), Presbiteriana Independente (21/11) e Anglicana (22/11) e inclui três dias de estudo sobre o tema "transformar-se para transformar". Essa atividade das Igrejas retoma a bela experiência surgida há 20 anos da "Semana Ecumênica do Menor", realizada a cada ano e que tanto contribuiu para motivar a sociedade e especialmente as comunidades religiosas para assumirem a responsabilidade em relação às crianças desamparadas. É difícil avaliar o bem que as "Semanas do Menor" conseguiram realizar, favorecendo, pouco a pouco, a mudança de mentalidade no modo de conhecer a condição dos menores e de vir, com amor, em seu auxílio.
Na origem de muitos desses trabalhos está a criação, há 25 anos, da Pastoral do Menor na Arquidiocese de São Paulo, por inspiração do cardeal d. Paulo Evaristo Arns, que desejava atender às inúmeras situações de menores nas ruas da capital. O início modesto aos poucos foi se desenvolvendo com a abertura de centros comunitários educacionais nas nove regiões episcopais da Arquidiocese. O atendimento descentralizado oferece amparo a milhares de menores nas áreas de periferia, evitando a atração para o centro da cidade.
No dia 20/11, mais de 300 pessoas puderam recordar e reviver em comum as vicissitudes, os sofrimentos, as alegrias e as esperanças do árduo trabalho em bem de nossos meninos, meninas e adolescentes carentes. Lembramos os agentes das primeiras horas, Irmã Maria do Rosário Cintra, Ruth Pistori, Padre Julio Lancelotti, Padre Batista -já falecido-, Padre João Drexel, Haroldo e Telge Miranda, Irmão Joaquim Panini e tantos voluntários generosos, religiosos e leigos, cujos nomes estão inscritos no coração de Deus e que têm assumido, sem medir sacrifícios, a causa do menor. Desde o início, muitos casais pertencentes a movimentos familiares colocaram-se à disposição para acompanhar crianças e famílias necessitadas -conforme o programa de "Liberdade Assistida". Ao lado da Pastoral da Criança, cujos excelentes frutos em bem da gestante e dos neonatos até seis anos são bem conhecidos, a Pastoral do Menor difundiu-se por todo o Brasil e muito influenciou na elaboração do "Estatuto da Criança e do Adolescente".
No horizonte, surge uma esperança maior. Em maio de 2000, foi criada a "Rede Global de Religiões em Bem da Infância", por iniciativa da Fundação Budista Arigatou, em Tóquio. A organização promove o diálogo e as ações entre as religiões para defender os direitos das crianças -tesouro da humanidade- e assegurar o seu desenvolvimento integral. De 2 a 4 de dezembro vai se realizar em Buenos Aires a conferência dessa gigantesca associação para enfrentar os desafios da pobreza e da violência e garantir educação básica, especialmente ética, para todos. Como pessoas de fé, os membros dessa rede global ensinam a ver a Presença Divina em cada pessoa e a promover pela oração e pela ação a vida digna de toda criança. Para os cristãos, permanece a força da palavra de Jesus Cristo: "Tudo o que fizermos a uma criança é a Ele que o fazemos".
Que os planos novos do governo ajudem a unir nossas energias fazendo convergir para a infância o foco principal de todas as políticas sociais do país.


D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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