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EMPREGO ESTAGNADO
Como era previsível, o mercado
de trabalho brasileiro não passou incólume pela perda de dinamismo da atividade econômica observada a partir de meados do ano -cuja
evidência mais estridente foi a queda
de 1,2% sofrida pelo PIB do segundo
para o terceiro trimestre.
Novo indício do impacto da perda
de velocidade da economia sobre a
criação de empregos e a evolução da
remuneração dos trabalhadores veio
a público na quarta-feira, com a divulgação dos resultados relativos a
novembro da Pesquisa Mensal de
Emprego do IBGE. O levantamento,
realizado nas nove principais regiões
metropolitanas do país, apurou que
9,6% das pessoas que procuraram
emprego não conseguiram obtê-lo.
Algumas análises privilegiaram, na
interpretação do resultado, a constatação de que ele representou, em
comparação com novembro de 2004,
uma redução de um ponto percentual da taxa de desocupação. Para
melhor compreender a evolução recente do mercado de trabalho, no entanto, o ponto que cabe destacar é
outro: tratou-se do sexto mês consecutivo em que a taxa de desemprego
se manteve muito próxima de 9,5%.
O resultado de novembro, em particular, foi frustrante, pois tradicionalmente a abertura de empregos
temporários no comércio, visando
às vendas natalinas, costuma reduzir
o desemprego nessa época do ano. O
quadro torna-se pior ao se verificar
que houve uma forte queda dos empregos com carteira assinada.
Em outras palavras, a tendência de
lenta redução do desemprego, a partir de um nível elevado, que se observa desde fins de 2003, foi interrompida. Já a tendência de recuperação do
poder de compra dos trabalhadores
parece ter prosseguimento, mas ainda a um ritmo vagaroso. Embora em
recuperação, o poder de compra ainda se situa em nível inferior ao do
ano de 2002.
Essa fraca evolução do mercado de
trabalho é fruto de uma política econômica conformista, que desperdiça
a oportunidade oferecida pelo contexto mundial de promover uma expansão vigorosa do PIB. O "espetáculo do crescimento" continua a ser
no Brasil apenas um "slogan" vazio.
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