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EDUCAÇÃO DEMOCRÁTICA
Os números divulgados no início da semana pela Fuvest
frustram expectativas com respeito à
democratização do acesso às universidades. A proporção de alunos de
escolas públicas aprovados para a segunda fase do vestibular da instituição, responsável pela seleção dos calouros da USP, caiu 9,48% em relação ao exame de 2004. Em face do aumento de 19,24% nos inscritos vindos da rede pública, a queda mostra-se especialmente expressiva.
A reação de representantes dos
chamados "movimentos sociais" foi
imediata. Manifestações em favor da
reserva de vagas para alunos egressos do ensino público e em defesa de
um plano concreto de inclusão social
por parte da USP se fizeram ouvir tão
logo as cifras vieram a público.
Mais uma vez, a resposta mira o alvo errado ao insistir na reivindicação
de cotas e não na exigência de melhoria do ensino público -a questão, sem dúvida, fundamental. Isso
não significa que devam ser abandonados os esforços para estimular o
ingresso de estudantes das escolas
públicas no ensino superior.
Uma boa iniciativa nesse sentido é
a parceria do Ministério da Educação
(MEC) com a USP para implementar
um programa de reforço escolar com
vistas a premiar os alunos mais promissores da rede pública, os quais teriam direito a atendimento e aulas
extras. Seria desejável que o MEC
procurasse estender a proposta a outras universidades públicas.
Nada, porém, nesse terreno é mais
urgente -e democrático- do que o
governo investir no aprimoramento
do ensino público básico. Por mais
que se queiram criar mecanismos
"democráticos" de acesso às universidades, a vocação dessas instituições é acolher a elite intelectual do
país. Já uma formação básica de qualidade é, em princípio, universalizável e deve, por essa e por outras razões, ser tratada como prioridade.
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