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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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AINDA VULNERÁVEL

Entre 2001 e 2002, o Brasil realizou um ajuste muito forte nas suas contas externas. O déficit em transações correntes caiu de US$ 23,2 bilhões para US$ 7,8 bilhões. Isso significa que a necessidade de atrair dólares do exterior reduziu-se em expressivos US$ 15,4 bilhões.
A queda do déficit em transações correntes representou uma resposta rápida à contração da entrada de capitais, que também foi abrupta.
A alta violenta da cotação do dólar, produzida pelo fechamento súbito do crédito externo, foi o principal fator para a rápida melhora do saldo nas transações externas de bens e serviços. Mas a disparada do dólar trouxe como efeitos colaterais forte repique da inflação, alta dos juros e desaquecimento da economia.
Esses movimentos ocorridos em 2002 tiveram velocidade inesperada, mas não chegaram a constituir uma surpresa. Sabia-se que a grande fragilidade das contas externas mantinha o país sujeito a sofrer muito em caso de uma redução da disposição dos investidores internacionais de aplicar seus recursos aqui.
Mesmo agora que a necessidade de atrair recursos do exterior diminuiu muito, a economia brasileira continua vulnerável. Para cobrir o déficit em conta corrente é preciso atrair novos empréstimos e investimentos; mas para preservar as escassas reservas de divisas do Banco Central é necessário, além disso, "rolar" os créditos que vencem ao longo do ano. E o valor dos créditos que vencerão em 2003 supera US$ 50 bilhões.
Por isso o respaldo de crédito do FMI ainda se faz imprescindível, e as perspectivas da economia brasileira seguem criticamente dependentes da evolução do quadro global.
Se a aversão ao risco dos investidores - excepcionalmente elevada desde meados do ano passado- retroceder, pode-se esperar que a cotação do dólar e a inflação arrefeçam. Mas, se houver turbulências expressivas -como as que poderiam advir na hipótese de haver guerra no Iraque-, os investidores poderão continuar muito cautelosos, e as dificuldades tenderão a ser sérias.


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