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AINDA VULNERÁVEL
Entre 2001 e 2002, o Brasil realizou um ajuste muito forte nas
suas contas externas. O déficit em
transações correntes caiu de US$
23,2 bilhões para US$ 7,8 bilhões. Isso significa que a necessidade de
atrair dólares do exterior reduziu-se
em expressivos US$ 15,4 bilhões.
A queda do déficit em transações
correntes representou uma resposta
rápida à contração da entrada de capitais, que também foi abrupta.
A alta violenta da cotação do dólar,
produzida pelo fechamento súbito
do crédito externo, foi o principal fator para a rápida melhora do saldo
nas transações externas de bens e
serviços. Mas a disparada do dólar
trouxe como efeitos colaterais forte
repique da inflação, alta dos juros e
desaquecimento da economia.
Esses movimentos ocorridos em
2002 tiveram velocidade inesperada,
mas não chegaram a constituir uma
surpresa. Sabia-se que a grande fragilidade das contas externas mantinha o país sujeito a sofrer muito em
caso de uma redução da disposição
dos investidores internacionais de
aplicar seus recursos aqui.
Mesmo agora que a necessidade de
atrair recursos do exterior diminuiu
muito, a economia brasileira continua vulnerável. Para cobrir o déficit
em conta corrente é preciso atrair novos empréstimos e investimentos;
mas para preservar as escassas reservas de divisas do Banco Central é necessário, além disso, "rolar" os créditos que vencem ao longo do ano. E
o valor dos créditos que vencerão em
2003 supera US$ 50 bilhões.
Por isso o respaldo de crédito do
FMI ainda se faz imprescindível, e as
perspectivas da economia brasileira
seguem criticamente dependentes
da evolução do quadro global.
Se a aversão ao risco dos investidores - excepcionalmente elevada
desde meados do ano passado- retroceder, pode-se esperar que a cotação do dólar e a inflação arrefeçam.
Mas, se houver turbulências expressivas -como as que poderiam advir
na hipótese de haver guerra no Iraque-, os investidores poderão continuar muito cautelosos, e as dificuldades tenderão a ser sérias.
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