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POUCA OPOSIÇÃO
Quando Luiz Inácio Lula da
Silva, contrariando o então futuro ministro da Casa Civil, José Dirceu, fez ruir a negociação para a participação do PMDB no governo,
abriu-se uma incerteza política. Deixando de assegurar maioria parlamentar por meio de um acordo de
governo, Lula transferiu a definição
para o futuro, e os seus principais articuladores políticos se lançaram
num jogo mais delicado de costura
no Congresso. Arriscou-se o presidente a ver aumentado o potencial de
oposição já no início de seu governo.
A sucessão dos acontecimentos,
porém, até agora aponta para um caminho favorável aos propósitos do
novo governismo no Parlamento.
Dificilmente o deputado federal João
Paulo Cunha (PT-SP) deixará de ser
eleito para a presidência da Câmara.
Também aumentam as chances de
que José Sarney (PMDB-AP), aliado
de Lula nas eleições, volte a ocupar a
cadeira de presidente do Senado.
A cúpula do PMDB, que poderia
complicar a estratégia parlamentar
do PT, não conseguiu construir um
projeto resistente ao poder de atração do Executivo. Fundamental para
que o grupo de Michel Temer renovasse sua sempre disputada hegemonia era convencer a ala "volátil"
do partido a permanecer na oposição, em troca de uma perspectiva de
voltar ao poder em 2006.
Mas basta notar que nem o PSDB
nem o PFL lograram estruturar-se
como oposição orgânica até agora
para compreender as razões da dificuldade da cúpula do PMDB em
manter seu poder. Tucanos e pefelistas anunciaram apoio ao candidato
do PT à Câmara e também se predispuseram favoravelmente à pauta inicial de reformas do novo governo.
A difícil situação das contas estaduais (que inibe o confronto entre
governadores de outras legendas e o
Executivo petista), a pouca experiência fora do governo de partidos como
PFL e PMDB e a popularidade de Lula
em início de governo certamente
contribuem para o baixo ímpeto
oposicionista neste momento.
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