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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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POUCA OPOSIÇÃO

Quando Luiz Inácio Lula da Silva, contrariando o então futuro ministro da Casa Civil, José Dirceu, fez ruir a negociação para a participação do PMDB no governo, abriu-se uma incerteza política. Deixando de assegurar maioria parlamentar por meio de um acordo de governo, Lula transferiu a definição para o futuro, e os seus principais articuladores políticos se lançaram num jogo mais delicado de costura no Congresso. Arriscou-se o presidente a ver aumentado o potencial de oposição já no início de seu governo.
A sucessão dos acontecimentos, porém, até agora aponta para um caminho favorável aos propósitos do novo governismo no Parlamento. Dificilmente o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) deixará de ser eleito para a presidência da Câmara. Também aumentam as chances de que José Sarney (PMDB-AP), aliado de Lula nas eleições, volte a ocupar a cadeira de presidente do Senado.
A cúpula do PMDB, que poderia complicar a estratégia parlamentar do PT, não conseguiu construir um projeto resistente ao poder de atração do Executivo. Fundamental para que o grupo de Michel Temer renovasse sua sempre disputada hegemonia era convencer a ala "volátil" do partido a permanecer na oposição, em troca de uma perspectiva de voltar ao poder em 2006.
Mas basta notar que nem o PSDB nem o PFL lograram estruturar-se como oposição orgânica até agora para compreender as razões da dificuldade da cúpula do PMDB em manter seu poder. Tucanos e pefelistas anunciaram apoio ao candidato do PT à Câmara e também se predispuseram favoravelmente à pauta inicial de reformas do novo governo.
A difícil situação das contas estaduais (que inibe o confronto entre governadores de outras legendas e o Executivo petista), a pouca experiência fora do governo de partidos como PFL e PMDB e a popularidade de Lula em início de governo certamente contribuem para o baixo ímpeto oposicionista neste momento.


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