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POPULISMO NO ÁLCOOL
O festival de trapalhadas e
populices do governo federal
na sua cruzada para tentar fazer baixar o preço do álcool combustível conheceu o seu ápice anteontem. Brasília anunciou que vai baixar a zero a
alíquota de importação do produto.
E o próprio ministro da Agricultura
se encarregou de esclarecer o grau de
eficácia da medida: "Não vai gerar
nenhum impacto do ponto de vista
prático. Não há países que possam
exportar álcool para atender a uma
eventual demanda do Brasil".
Nessa novela, a única ação razoável
das autoridades demorou meses a
chegar: a diminuição de 25% para
20% do teor de álcool anidro que é
misturado à gasolina. Ainda assim, a
medida veio pela metade. Deveria ter
sido acompanhada da redução da Cide (Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico) sobre a gasolina, bastante para anular a pressão de
alta do preço do combustível fóssil.
Com proporção maior de gasolina
(mais cara que o álcool) na mistura
que o consumidor adquire no posto,
o preço do litro tende a aumentar.
O governo encena ao zerar o imposto de importação do álcool. Como disse o ministro, o efeito da ação
na crise de abastecimento é do tamanho da nova alíquota: zero. Também
foi apenas pantomima o tal "acordo"
com os usineiros para que estes concordassem em vender o produto a
um preço estipulado.
Há muito se sabe no Brasil que ninguém consegue impedir um empresário -quanto mais em um mercado de produtores pulverizados como
é o do álcool- de auferir ganhos
maiores quando aumenta a demanda pela mercadoria que fabrica.
Afora regular o nível do anidro na
gasolina e a tributação e reprimir cartéis, o governo não tem que se meter
na disputa pelo preço do álcool. O
risco de perder mercado é dos produtores. São eles que, se não organizarem sua atividade em termos mais
estáveis -utilizando contratos de
longo prazo e o mercado futuro e aumentando produção e estoques-,
serão punidos, não pelo governo,
mas pelo consumidor, que será estimulado a deixar de usar o álcool.
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