São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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BAIXA PRODUTIVIDADE

Depois de forte incremento na década de 90, os ganhos de produtividade da indústria brasileira arrefeceram. Nos últimos três anos, eles permaneceram estagnados, segundo dados divulgados pelo Banco Central. O fraco desempenho econômico é a principal causa do fenômeno. Sem crescimento, não há estímulo a investimentos em modernização -por ora praticamente restritos a alguns setores mais dinâmicos voltados para a exportação.
O avanço na competitividade industrial foi uma das características do período que se estende de 1990 a 2001, quando teve lugar um intenso processo de transformações econômicas no país, desencadeado pela abertura comercial e financeira. Nesses anos, a cotação do real em relação ao dólar -bastante favorável às importações até 1999- e a maior exposição à concorrência externa ajudaram a impulsionar um ciclo de inovações tecnológicas na indústria, acompanhado de forte contração do mercado de trabalho.
De acordo com uma outra pesquisa, a cargo do Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), nesses 11 anos, o saldo entre postos de trabalho abertos e fechados foi positivo em 3,2 milhões -número aquém do necessário para absorver a população que chega anualmente ao mercado, em torno de 1,7 milhão de pessoas.
A constatação de que parte das conquistas de competitividade está sendo perdida, num ambiente de elevado desemprego, sugere que novos avanços deverão advir de investimentos no aperfeiçoamento da capacidade produtiva. Isso dependerá não apenas de políticas industriais, mas fundamentalmente da formação de um ambiente de expansão econômica e confiança no futuro, algo que o país ainda espera.
Mais do que aumentar a produtividade, o desafio é fazê-lo sem perder de vista a premente necessidade de fomentar o emprego. Identificar os segmentos com maior potencial de empregar -como construção civil, saneamento básico e serviços sociais- e inseri-los nas políticas de desenvolvimento é uma das mais importantes tarefas que se colocam para o governo.


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