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ATLAS DAS CARÊNCIAS
O "Atlas de Saneamento"
apresentado anteontem pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é mais um lembrete de que entre as principais vítimas da ineficiência governamental e
do vigoroso ajuste fiscal brasileiro
está a saúde de sua população. Com
efeito, a falta de investimentos em
itens tão fundamentais como o tratamento de água e a rede de esgoto sanitário tem, como é óbvio, impactos
sobre uma miríade de doenças.
E o que se verifica ao longo dos últimos anos é um crescimento em ritmo inferior ao desejável na oferta de
água e de esgoto. Se estivéssemos em
patamares muito elevados, isso não
seria um grande problema, mas, infelizmente, os níveis estão muito
aquém do ideal. De acordo com o
IBGE, 77,8% dos domicílios brasileiros tinham acesso a água potável em
2000, enquanto apenas 47,2% das
casas eram servidas pela rede de esgoto. Em 91, esses números eram
70,7% e 35,3%, respectivamente.
Isso significa que, na melhor das
hipóteses, avançamos menos do que
poderíamos na redução da mortalidade infantil, por exemplo. Vale lembrar que as duas revoluções que a humanidade experimentou na saúde
pública foram o saneamento básico
e a vacinação, o que torna mais intolerável cada dia de atraso na generalização da oferta de água e de esgoto.
É especialmente grave que não se
constate, por parte do governo, esforços mais determinados para ampliar a rede de esgoto. Trata-se, afinal, de uma política pública capaz de
proporcionar rápidos ganhos no
campo da saúde e ainda gerar um
bom número de empregos. O Planalto fala em alocar para o setor, neste
ano, R$ 2,9 bilhões. Se o dinheiro de
fato aparecer, algo de que a prudência manda desconfiar, será um bom
começo. Mas sem ilusões: essa
quantia é diminuta diante do tamanho do déficit sanitário. Estudo do
Ministério das Cidades estima em R$
178 bilhões os investimentos necessários para resolver as carências da
área nos próximos dois decênios.
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