São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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TERROR PALESTINO

A eliminação do líder espiritual do grupo extremista Hamas está sendo interpretada por analistas internacionais como uma mensagem do premiê Ariel Sharon aos palestinos e a seus próprios aliados internos. Ao anunciar recentemente a disposição de retirar as forças de Israel de Gaza, Sharon foi advertido por setores conservadores sobre a possibilidade de alimentar a idéia de um recuo sob pressão do terrorismo -que poderia comemorar o fato como uma vitória. Se isso ocorresse, estaria se repetindo o que aconteceu em 2000, quando a retirada de tropas de Israel do sul do Líbano foi comemorada como um triunfo pela guerrilha do Hizbollah, que combatia os israelenses na região.
Com o assassinato do líder terrorista Ahmed Yassin, Israel demonstraria que continua senhor da situação, inutilizando eventuais tentativas do Hamas de se beneficiar politicamente da situação. Ainda que tenha sido essa a principal motivação de Sharon, é difícil perceber como o ataque a Yassin poderá melhorar a segurança dos israelenses e colaborar para o processo de paz na região.
Condenar a atitude do governo de Israel, no entanto, não equivale a endossar os métodos odiosos utilizados pelos radicais palestinos. Israel tem sido atacado desde sua fundação, em 1948. O Hamas foi criado em 1987 não apenas para se opor à ocupação de Gaza, mas com o declarado propósito de eliminar o Estado judeu -objetivo compartilhado por amplos setores do mundo árabe. O terrorismo do grupo liderado por Yassin já assassinou mais de 350 israelenses desde o início do levante palestino, em 2000.
A insistência em lançar mão do terrorismo ou a incapacidade de controlá-lo evidenciam as deficiências das lideranças palestinas e as suas próprias dificuldades em avançar na conquista do objetivo maior de seu povo, que é o direito a viver de forma pacífica num país próprio.


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